Situação epidemiológica do VIH/Sida em Angola é estável mas preocupante
03-10-2013 | Fonte: Angop
A situação  epidemiológica do VIH/Sida em Angola é considerada estável, mas preocupante pelo facto de haver aumento de casos no grupo etário acima dos 25 anos de idade, soube-se hoje, quinta-feira, em Luanda.

Em entrevista à Angop, a directora-geral do Instituto Nacional de Luta contra o Sida, Dulcelina Serrano, disse que, em Angola, a epidemia continua uma preocupação de saúde pública, porque enquanto na faixa etária dos 15 aos 25 anos os casos diminuem, no grupo mais acima aumentam.

Acrescentou que, apesar de haver esta variação, acredita-se que se conseguirá manter a epidemia estável, pelo aumento do acesso da população ao tratamento.

"Hoje a população tem sido diagnosticada mais precocemente e tem iniciado o tratamento no momento oportuno, enquanto que antes, dos casos diagnosticados, cerca de 60 a 70 por cento vinha já em estado de doente do Sida. Agora estamos a verificar que aparecem entre 40 a 45 por cento.

Para a médica, o número ainda é significativo, mas o diagnóstico precoce e o início atempado do tratamento com anti-retrovirais faz com que o número de vírus circulante diminua por diminuição da carga viral nas pessoas que estão infectadas, levando a redução de ocorrência de novas infecções.

Apelo ao reforço da prevenção e ao tratamento precoce

De acordo com Dulcelina Serrano, há sinergias que estão a ser trabalhadas, nomeadamente a abordagem da prevenção da transmissão vertical, o aconselhamento e testagem massiva da população e o acesso à terapia anti-retrovirais, o mais precoce possível, que irão impactar no futuro na transmissão do vírus nas comunidades.

Porém, a educação é fundamental, a prevenção com adopção de comportamentos sexuais de menor risco é importante e, tudo isto, depende muito da consciencialização e da importância que o cidadão dá a magnitude do problema.

Hoje, consideramos que os anti-retrovirais são grande de benefício, mas também são uma armadilha, porque o cidadão com Sida que inicia o seu tratamento já com sintomas e sinais relacionados com a doença, no fim do primeiro mês, se ele for um doente aderente tem uma melhoria aparente do seu estado clínico, subestima a necessidade de continuar a tomar os medicamentos.

Este doente, que se pode chamar não aderente e que ficou com uma melhoria aparente, vê-se novamente com uma subida da carga viral e pode ocorrer até resistência do vírus aos anti-retrovirais que está a tomar.

Para além destes, frisou, há um bom número de doentes que desaparecem por muito tempo e retornam em estado crítico que podem pôr em causa as estratégias que têm estado a ser desenvolvidas pelas autoridades sanitárias com o objectivo de redução da propagação da epidemia.

Apoio dos Meios de Comunicação Social

Neste sentido, a responsável aponta a necessidade do apoio dos meios de Comunicação Social, em fazer veícular todas as mensagens e informações importantes, para que o cidadão conheça como se prevenir, manter saudável mesmo infectado, conviver positivamente com a infecção, manter a sua família e educar os seus filhos.

"É um desafio conjunto, pois temos que ter consciência que o Ministério da Saúde por si só não tem capacidade para abarcar todas as áreas necessárias de serem abordadas no interesse da redução do número de novas infecções, da melhoria da qualidade de vida das pessoas infectadas e do acesso e adesão ao tratamento.

Situação actual do VIH/Sida em Angola

Até Março deste ano, estavam registados 120 mil 764 seropositivos e deste 56 mil 963 estavão em tratamento, enquanto outros ainda não possuiam critério para terapia com anti-retrovirais.

No primeiro trimestre deste ano, foram realizados 600.000 testes rápidos, dos quais registaram-se 20 mil 765 novos casos da doença, perfazendo 3.4 por cento.

"Destes casos acompanhados, registam-se anulamente 1.500 a 1.600 óbitos, que podem ser mais, pois haverão com certeza outros muitos que não são reportados por falta de interesse ou por alguma falha do nosso sistema de informação", frisou.

Segundo a médica, pode haver uma subestimaçao no registo dos óbitos, pois muitos doentes vão já no estado final da infecção e não há o cuidado também nas unidades de saúde de se fazer as investigações necessárias para se chegar a um diagnóstico, acabando por entrar tudo no grupo de outras causas.

Mas, a médica sublinhou que a maior parte dos óbitos ocorrem em pessoas co-infectadas pelo Vih/Sida e a Tuberculose.

Programa do corte de transmissão vertical (de mãe para filho)

Estima-se que até finais deste ano, 10 mil 190 mulheres grávidas seropositivas chega até ao parto, prevendo-se atender cerca de 77 por cento, que é a cobertura do programa de cuidados pré-natal.

Este ano, até Agosto, alcançou-se os 45 por cento das estimativas, devido a implemetação de várias acções, como a revisão da estratégia onde o recurso era apenas o médico.

"Agora, as parteiras foram formadas de maneira a atenderem também mulheres grávidas, o que levará até final do ano à meta de sete mil grávidas, enquanto em 2012 chegou-se apenas a 20 por cento", sublinhou.

Outro trabalho que está a ser feito desde finais do ano passado é o programa denominado paciente acompanhante seropositivo, em que a mulher infectada trabalha junto de uma unidade hospitalar, aconselhando mulheres grávidas sobre a importância da adesão aos serviços, prevendo-se assim melhorias e um resultado bastante satisfatório.
 
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