Alta taxa de positividade e boa referenciação aos cuidados de saúde – resultados de um projeto comunitário em Barcelona

Menos de 3% de pessoas perdidas no processo de acompanhamento médico

BCN Checkpoint in Barcelona, Spain.
Roger Pebody
Published: 03 July 2013

Um único projeto comunitário de rastreio testou mais de um terço de homossexuais recentemente diagnosticados com VIH em Barcelona, Espanha, e conseguiu referenciar quase todo os recém-diagnosticados aos serviços de saúde, de acordo com a apresentação realizada na 7ª Conferência Internacional da IAS pelos coordenadores do projeto, na passada segunda-feira.

O Checkpoint BCN iniciou a sua atividades em 2006 e foi um dos primeiros projetos comunitários de rastreio dirigido especificamente a homossexuais na Europa. Os testes rápidos são realizados por voluntários leigos (não médicos) e por uma equipa e o projeto situa-se no bairro gay de Barcelona com um horário de abertura até às 20h.

Entre 2009 3 2011, este único projeto diagnosticou 36,6% de todos os homens que têm sexo com homens (HSH) diagnosticados com VIH na Catalunha.

Embora o serviço ofereça rastreio rápido de sífilis e vacinação para a hepatite A e B em conjunto com o rastreio de VIH, não efetua o rastreio de gonorreia e clamídia. Durante o aconselhamento entre pares é reforçada uma atitude positiva em relação à atividade sexual.

Os dados sobre prevalência da infeção pelo VIH em Barcelona são limitados, mas quando foram recrutados 388 homens em bares, clubes e saunas gay em 2009, 17% eram seropositivos e destes apenas 55,4% o sabiam.

Em Espanha, o rastreio da infeção pelo VIH é, em regra, realizado nos cuidados de saúde primários, contudo nem todos os médicos de família têm experiência ou sentem-se confortáveis a lidar com os assuntos relacionados com a saúde sexual dos homossexuais. Barcelona tem também uma clínica de infeções sexualmente transmissíveis como parte integrante do serviço de saúde. O estudo pan europeu, EMIS, reportou que embora a percentagem de rastreio seja relativamente elevada em Espanha (44% nos últimos 12 meses e 74% alguma vez na vida), 14% dos gays acham que o rastreio do VIH é de difícil acesso ou dispendioso e 33% dos homens recentemente testados afirmaram que não tinham tido oportunidade de falar sobre sexo durante a sessão de rastreio. Estes valores são baixos quando comparados com outros países da Europa ocidental.

O Checkpoint BCN apresentou dados de 14 949 testes realizados entre 2009 e 2012. O número anual de testes aumentou de 2 483 para 5 051 no período de quatro anos. Anualmente, cerca de 1 700 homens vieram testar-se pela primeira vez, assim como um número crescente de homens repetiram o rastreio (os homens são incentivados a repetir o rastreio do VIH cada 6 ou 12 meses).

O projeto atinge homens em alto risco de infeção, tendo sido diagnosticados 509 infeções pelo VIH no período de 4 anos. A percentagem de clientes diagnosticados foi de 5,1% em 2009, 4,4% em 2010, 4,1% em 2011 e 3,4% em 2012.

A percentagem de positividade tem vindo a descer ligeiramente o que pode revelar que os homens que repetem o teste estarão provavelmente em menor risco que os que se testam pela primeira vez. Ao analisar apenas os homens que se testam pela primeira vez no Checkpoint BCN, verificou-se que 5,3% e 5,7% são diagnosticados com VIH anualmente.

Entre 2009 e 2011, só este serviço diagnosticou 36,6% de todos os homens que têm sexo com homens diagnosticados com VIH na Catalunha (uma comunidade autónoma com 7 milhões e meio de habitantes).

Embora os projetos comunitários de outras regiões reportem com frequência taxas de diagnósticos mais elevadas que os outros serviços, existe sempre a preocupação da referenciação aos cuidados de saúde. Esta preocupação baseia-se no facto de que os testes comunitários estão com frequência geográfica e institucionalmente separados dos serviços médicos dedicados às pessoas com VIH e porque podem alcançar pessoas que têm acesso limitado aos serviços de saúde, teme-se que poucas pessoas recentemente diagnosticadas sejam referenciadas a esses serviços de saúde. Para além disso, os dados sobre este passo essencial na cascada do tratamento são frequentemente omissos.

No Checkpoint BCN, aos homens que têm um teste reativo para o VIH é efetuada uma recolha de sangue para um teste de confirmação que é efetuado num laboratório do bairro e o resultado demora apenas alguns dias.

Além disso, é disponibilizado imediatamente apoio entre pares por parte da equipa ou de um voluntário seropositivo. O projeto encarrega-se de agendar uma consulta da especialidade e se necessário presta apoio nos aspetos burocráticos relacionados com o acesso aos cuidados de saúde públicos. É frequente manter contacto contínuo com os novos diagnosticados que recebem apoio psicossocial e informação sobre tratamentos.

O projeto reportou que 90,5% dos novos diagnosticados foram referenciados aos cuidados de saúde. Dos restantes:

  • 3.4% preferiram escolher por eles a referenciação à consulta.
  • 3.7% voltaram ao país de origem.
  • 2.4% não aceitaram a referenciação.

A referenciação em cerca de metade dos homens ocorreu nas duas primeiras semanas. Apenas em 15% dos casos este processo demorou mais de um mês.

Os autores concluem que este modelo de intervenção é altamente eficaz na deteção da infeção pelo VIH e na referenciação aos cuidados de saúde.

Referência

Meulbroek M et al. HIV detection and linkage to care: BCN checkpoint, a community-based centre for MSM in Catalonia, Spain, achieves high detection of HIV and 90,5% coefficient of linkage to care. 7th IAS Conference on HIV Pathogenesis, Treatment and Prevention, Kuala Lumpur, abstract MOPE163, July 2013.

Consulte o abstract no site da conferência IAS.

Faça o download do e-poster do site conferência IAS.

Community Consensus Statement on Access to HIV Treatment and its Use for Prevention

Together, we can make it happen

We can end HIV soon if people have equal access to HIV drugs as treatment and as PrEP, and have free choice over whether to take them.

Launched today, the Community Consensus Statement is a basic set of principles aimed at making sure that happens.

The Community Consensus Statement is a joint initiative of AVAC, EATG, MSMGF, GNP+, HIV i-Base, the International HIV/AIDS Alliance, ITPC and NAM/aidsmap
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