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Na evidência do mundo real, há redução na transmissão da infeção pelo VIH no grupo heterossexual Dados observacionais da China sugerem que o risco de transmissão da
infeção pelo VIH foi reduzido até 26% em casais serodiscordantes, em que um dos
parceiros estava sob tratamento antirretroviral. Estes dados forma comparados
com casais também serodiscordantes mas em que o parceiro seropositivo não
estava sob tratamento.
Os dados não são comparáveis, na medida em que não foram recolhidos em
condições ideais, como acontece nos ensaios clínicos, mas através de bases de
dados nacionais que monitorizam a disponibilização do tratamento
antirretroviral na China. Cerca de 39 000 casais heterossexuais
serodiscordantes foram incluídos e divididos em dois grupos de análise –
aqueles que estavam sob tratamento (normalmente devido a uma contagem de
células CD4 inferior a 350) e aqueles que nunca tinham estado sob tratamento.
No grupo do tratamento, ocorreram 1,3 infeções por 100 pessoas,
comparado a 2,6 por 100 pessoas no grupo de pessoas sem tratamento. Após
ajustar os fatores de conflito que tinham sido registados, os dados traduziram-se
numa diferença estatisticamente significativa de 26% de redução no risco de
transmissão.
Tal, é muito inferior aos 96% de redução do risco observado no ensaio
HPTN 052, e pode refletir o que é possível obter nas condições do “mundo real”,
num país de rendimento médio. Especificamente, a adesão à terapêutica pode ser
fraca e os doentes chineses muitas vezes têm de continuar a tomar o regime
terapêutico de primeira linha, para o qual já desenvolveram resistência. A
acrescentar, os autores não puderam verificar se a infeção estava geneticamente
relacionada com o parceiro primário.
Embora a redução tenha sido estatisticamente significativa no primeiro
ano de acompanhamento, parou de o ser nos anos seguintes (apesar de poucos
casais do estudo terem permanecido mais de dois anos). Os autores recomendam
que estudos futuros examinem a durabilidade da redução do risco ao longo do
tempo.
Comentário: Apesar de a redução no número de
transmissões ser mais baixo do que o esperado, o estudo chama a atenção para o
que pode acontecer no mundo real, onde os cuidados de saúde estão aquém do que
é ideal. Contudo, apesar deste facto, o tratamento reduziu o número de infeções
até um quarto.
Metade dos homens gay seropositivos para o VIH não acredita que o tratamento reduza a infecciosidade
Um questionário
aplicado a mais de 2 000 homens gay seropositivos que frequentam clínicas no
Reino Unido concluiu que quase metade é da opinião que o tratamento
antirretroviral não diminui a infecciosidade.
Embora o
questionário tenha concluído que apenas 15% dos homens tenha tido recentemente
relações sexuais desprotegidas com alguém seronegativo ou com estatuto
serológico desconhecido (relações sexuais anais serodiscordantes desprotegidas),
concluiu que uma minoria dos homens que não estavam sob tratamento tinha maior
probabilidade de ter este tipo de práticas do que os homens sob tratamento.
Os
resultados sugerem que alguns homens têm em conta os valores da sua carga viral
quando tomam decisões sobre ter relações sexuais desprotegidas. Os que têm
carga viral detetável apresentam uma menor probabilidade de relações sexuais
com penetração anal.
O questionário
conclui que as crenças sobre carga viral e infecciosidade influenciaram as
decisões sobre sexo mais seguro. Os homens que não acreditavam que a carga
viral reduzia a infecciosidade tinham menor probabilidade de ter relações anais
não protegidas comparativamente aos que acreditavam.
Foi questionado
se concordavam com a seguinte afirmação: “Quando a carga viral está
indetetável, os preservativos não são necessários para prevenir a infeção pelo
VIH” e “Carga viral indetetável faz com que uma pessoa seja menos infeciosa para
o parceiro sexual”. Apenas 4% concordou com a primeira afirmação; 48% concordou
com a segunda, deixando os restantes 48% a não concordar com nenhuma.
Comentário: Tal como comentam os
investigadores, estas conclusões têm implicações nas estratégias de prevenção
da infeção pelo VIH, em particular, em termos da questão complexa - informar as
pessoas para os benefícios do tratamento como prevenção pode ter o efeito não
intencional de aumentar os comportamentos de risco.
Taxas elevadas da infeção pelo VIH entre os jovens gay nos E.U.A.
Mais de um quarto das novas infeções pelo
VIH nos E.U.A. são em pessoas com idades compreendidas entre os 13 e 24 anos e
três quartos destas são em jovens homens gay e bissexuais, segundo reportam os
investigadores do US Centers for Disease
Control.
Em 2009, 7% das pessoas com VIH nos E.U.A. tinha menos de 24 anos. A
prevalência de pessoas não diagnosticadas era superior a qualquer outro grupo,
com 60% a não saber o seu estatuto serológico.
Dos 47 500 novos diagnósticos de infeção pelo
VIH, em 2010, 26% foi em
jovens. As taxas diferiram de acordo com a etnia e foram mais
elevadas entre os afro-americanos (57%). Cerca de três quartos das novas
infeções foram atribuídas a relações sexuais entre homens.
Os investigadores observaram também os
comportamentos de risco nos estudantes de liceu. Dos que reportaram ter
relações sexuais, os homens gay e bissexuais tinham maior probabilidade de
reportar quatro ou mais parceiros e consumo de drogas por via injetada (20%).
Os homens gay/bissexuais tinham significativamente menor probabilidade de usar
preservativos (44 vs. 70%) e referiam menos ter tido informação na escola sobre
questões relacionadas com a infeção pelo VIH (75 vs. 86%).
A prevalência geral do rastreio entre os 18 aos
24 anos foi de 35%.
“Mais esforços são necessários para assegurar a
disponibilização de intervenções em meio escolar e comunitário para que todos
os jovens, em particular, os homens que têm sexo com homens, tenham
conhecimentos, competências e meios para prevenir a infeção pelo VIH,” escrevem
os autores.
Comentário: Este estudo é preocupante uma vez que mostra que a taxa de novas infeções
pelo VIH nos jovens gay é muito superior à taxa global, indicando a
possibilidade de uma nova onda de infeções.
Os doentes que abandonam os serviços de saúde limitam a proporção de pessoas que vive com VIH que não são infeciosas
Um estudo
demonstrou que, mesmo em grupos com bom acesso ao tratamento e cuidados de
saúde, há taxas elevadas de doentes que abandonam os cuidados de saúde, o que
torna difícil aumentar a percentagem de pessoas que vive com VIH virologicamente
suprimida para mais de da metade da população infetada.
As
estimativas sobre a proporção de todas as pessoas que vive com VIH sob TARV com
carga viral indetetável variam entre os 54% no Reino Unido e abaixo de 25%
entre os
homens gay afro-americanos nos E.U.A.
Apesar da
elevada taxa de diagnósticos, um estudo italiano concluiu que menos de metade
da população seropositiva para a infeção pelo VIH estava sob tratamento
antirretroviral eficaz, devido ao número de pessoas que abandonavam o
seguimento médico.
Das
pessoas diagnosticadas entre 1996 e 2012, 92,6% retornou a pelo menos uma
consulta após o diagnóstico, mas mais de 20% desapareceu dos cuidados de saúde.
Das pessoas que permaneceram nos cuidados, 91% estava sob TARV e destas, 90%
tinha carga viral abaixo de 50 cópias/ml, o que quer dizer que entre 60 e 65%
das pessoas diagnosticadas estava sob tratamento eficaz.
Os
investigadores estimam também que pelo menos 13% da população local
seropositiva está por diagnosticar.
Aqueles que
abandonaram os cuidados de saúde, no geral, eram mais novos, com maior
probabilidade de usar drogas por via injetada e com menor probabilidade de
serem homens homossexuais. Mas a principal diferença foi que 50% das pessoas
que desapareceu dos cuidados não tinham nascido em Itália, versus 31% daqueles
que permaneceram nos cuidados.
Comentário: Este estudo sugere que nos países europeus com
bom acesso ao tratamento antirretroviral, um dos fatores limitativos do uso do
tratamento para reduzir a taxa geral de infeções deve-se à elevada mobilidade
das pessoas que vivem com VIH. Um estudo francês chegou à mesma conclusão. Estudos deste tipo não conseguem, contudo, concluir
se estas pessoas estão a receber tratamento em outro local.
Partilhar material de injeção representa potencial fonte de transmissão de hepatite C
Material de injeção como água bidestilada, filtros e recipientes para
água são potenciais fontes de infeção do vírus da hepatite C (VHC), tal como
agulhas e seringas, segundo concluem os investigadores alemães.
Tanto a transmissão do VHC como do VIH entre os
injetores de drogas tem sido maioritariamente associada à partilha de agulhas.
A troca de agulhas e seringas tem sido associada à redução da incidência da
infeção pelo VIH e VHC entre as pessoas que usam drogas.
Contudo, a partilha de outro material de injeção
persiste, e tal pode explicar a contínua elevada taxa de transmissão do VHC entre
as pessoas que usam drogas.
Os investigadores observaram a persistência do
VHC na água, filtros e contentores de água.
Numa dose, o VHC poderia continuar a ser medido
em quantidades infeciosas após três semanas. Uma dose de um décimo de mililitro
deixava de ser infecioso após quatro dias.
Mesmo depois de lavar e substituir a água dos
recipientes, os investigadores encontraram fluidos contaminados com VHC tanto
nos contentores de plástico como nos de alumínio.
Quantidades infeciosas do vírus foram detetadas
nos filtros 24 e 48 horas após a contaminação com VHC.
Os investigadores concluem que as “mensagens de
prevenção devem…alertar as pessoas que injetam drogas para a importância de
eliminar qualquer partilha de equipamento de injeção e recomendam a
disponibilização de equipamento esterilizado.”
Comentário: As conclusões podem
indicar o porquê de as taxas de infeção pelo VHC não descerem tão rapidamente
como as taxas do VIH quando é disponibilizada troca de agulhas e seringas,
apesar de também ter relevância residual na transmissão da infeção pelo VIH.
Algumas mulheres que vivem com VIH desconhecem que o tratamento antirretroviral pode proteger os seus bebés
Um artigo
italiano sugere que algumas mulheres que vivem com VIH podem não ter informação
atualizada sobre a redução do risco de transmissão da infeção pelo VIH durante
a gravidez, parto ou aleitamento. Um quinto das mulheres seropositivas para o VIH sob
tratamento sobre estimaram a probabilidade de transmitir a infeção pelo VIH aos
seus bebés.
O estudo
demonstrou ainda que iniciar o tratamento antirretroviral foi associado a uma
diminuição em reportar o desejo de ter uma criança e que o medo de transmitir a
infeção era o preditor mais comum para as mulheres reportaram não querer ter
filhos.
O estudo,
conduzido entre novembro de 2010 e fevereiro de 2011, questionou 178 mulheres
que estavam numa relação estável se queriam engravidar.
Sessenta e
um por cento afirmaram que não. Tal, foi mais comum nas mulheres que tinham um
parceiro seronegativo para a infeção: enquanto 44% das mulheres com parceiros
seropositivos afirmaram que queriam ter uma criança, apenas 10% das mulheres
com parceiro seronegativo afirmaram que sim.
Foi
perguntado às mulheres: “Se todas as medidas necessárias forem adotadas, qual a
probabilidade de a criança nascer seronegativa para o VIH?” A maioria das
mulheres teve uma perspetiva razoável: 35% afirmou que a criança certamente
nasceria seronegativa e 35% afirmou que o risco seria inferior a 5%. Contudo,
9,4% respondeu que a probabilidade seria superior a 50%.
O medo de
não viver tempo suficiente para educar a criança e de divulgar o estatuto
serológico à mesma foram outras razões dadas.
Comentário: Este estudo indica
que, entre algumas mulheres, medos exagerados de infetar a criança e parceiros
podem inibi-las de serem mães.
Dois terços dos adolescentes sexualmente ativos que nasceram com a infeção pelo VIH têm relações sexuais desprotegidas A maioria dos
adolescentes sexualmente ativos que nasceram com a infeção pelo VIH têm sexo
desprotegido, segundo concluem os investigadores norte-americanos. Muitos tinham
carga viral elevada, colocando potencialmente os seus parceiros em risco.
“Ter
relações sexuais, enquanto um marco de desenvolvimento normal, apresenta desafios
para os jovens que nasceram com VIH,” comentam os investigadores.
Um total
de 330 pessoas com idades compreendidas entre os 10 e os 18 anos participou no
estudo. Três quartos tinham contagem de células CD4 acima de 500, mas um número
relativamente elevado, 30%, tinha carga viral acima de 500 cópias/ml, o que
significa que eram relativamente infeciosos.
No total,
28% reportou ter relações sexuais anais e vaginais. As relações sexuais foram
reportadas por 53% dos jovens com 16 anos e 87% com 18 anos. Ter o mesmo
parceiro sexual foi reportado por 13% dos homens e 21% das mulheres.
Dos que
relataram ter relações sexuais, 62% reportou ter sexo desprotegido. Quatro
participantes homens reportaram sexo anal com um parceiro; em três situações,
sem uso do preservativo.
Dos
participantes sexualmente ativos, 38 tinham carga viral acima de 5 000
cópias/ml e 30 foram identificados como sendo resistentes a pelo menos um
medicamento antirretroviral.
A maioria
(82%) reportou saber o seu estatuto serológico positivo quando teve relações
sexuais pela primeira vez e um terço revelou o estatuto serológico positivo ao
primeiro parceiro sexual. A maioria dos participantes (84%) reportou ter
conversado sobre preservativos e o seu uso, sendo mais comum nas pessoas que
revelaram o estatuto serológico positivo para a infeção pelo VIH.
Comentário:
Negociar
sexo, sem divulgar o estatuto serológico positivo para a infeção, é difícil
para muitos adolescentes. Estes jovens estiveram expostos a processos criminais
em muitos estados norte-americanos, e estariam também em alguns países
europeus. O estudo concluiu que os jovens oriundos de famílias de baixos
rendimentos ou que não vivem com o pai ou mãe biológico foram também associados
a relações sexuais desprotegidas: são necessários estudos na Europa para
concluir se estes fatores de risco se aplicam nos adolescentes europeus seropositivos
para a infeção pelo VIH.
Objetivo do projeto Introdução de novas estratégias de advocacia sobre prevenção do VIH na Arménia Fonte: We for Civil Equality NGO
A organização armênia de pessoas que vive com VIH anunciou como um novo projeto financiado pela União Europeia para sete países soviéticos irá disponibilizar melhor acessibilidade para as pessoas em situação de forte vulnerabilidade e melhor apoio para as organizações de base comunitária. Uma consultadoria recente identificou a necessidade urgente de disponibilizar gratuitamente tratamento para hepatites víricas e infeções sexualmente transmissíveis, rastreio da infeção pelo VIH em meio comunitário, trabalhar questões relacionadas com a discriminação em instituições de saúde e serviços de integração para transsexuais. Gostaria que o seu projeto de prevenção sobre
prevenção seja publicado através do Boletim “Novidades sobre prevenção do VIH:
Europa”? Se divulgar um press release, envie-nos um e-mail para info@nam.org.uke poderemos incluir um link na próxima edição.
Outras notícias recentes
A Health Protection Agency (HPA) no Reino
Unido divulgou o relatório anual em novembro e chamou a
atenção para a necessidade de melhorar as taxas de rastreio da infeção pelo VIH.
Concluiu que, apesar de o número de novos casos diagnosticados ter diminuído no
último ano, continua a aumentar nos homens gay; pela primeira vez desde 1999,
ocorreram mais infeções em homens gay que em heterossexuais.
Um estudo sobre uma base de dados alargada de
doentes no Reino Unido concluiu que 44% dos utentes homens nunca teve um
intervalo superior a seis meses de controlo de células CD4 e carga viral, e que
tal é mais comum nos homens heterossexuais e homens jovens.
No entanto, uma clínica em Leicester que
participou no estudo, concluiu que apenas 40% dos seus doentes tinha sido
observado nos últimos seis meses. A maioria tinha sido transferida para outras
clínicas, contudo, não foi possível localizar entre 10% e 15% dos utentes.
Um estudo de dois hospitais ingleses concluiu
que, apesar de a maioria das mulheres infetadas pelo VIH que tiveram bebés
nestes hospitais, retornarem para receber cuidados de saúde após o parto,
algumas não voltaram durante um ou dois anos e que 37% tinha carga viral acima
de 100 cópias/ml quando retornaram. O estudo foi elaborado, em parte, para
informar as discussões sobre a possibilidade de diminuir o alerta sobre
amamentação nas orientações de 2012 da BHIVA (Orientações para o tratamento de
mulheres grávidas); contudo, não houve alteração das orientações
sobre a recomendação de evitar na totalidade a amamentação.
Escolha do editor para outras fontes Fonte: Inter Press Service
Nova epidemia da infeção
pelo VIH entre pessoas romenas que usam drogas aumentou exponencialmente nos
últimos anos. Grupos nacionais e internacionais que trabalham na área da
prevenção pensam que a epidemia emergente aumente nos próximos anos, apesar de as
causas serem fáceis de resolver.
Fonte: Eurosurveillance
Em 2011, um total de 28 038 novos diagnósticos de infeção pelo VIH foram
reportados pela União Europeia e pela Área Económica Europeia. A taxa anual de
diagnósticos da infeção pelo VIH não demonstra claros sinais de diminuição e o
VIH continua a estar concentrado em determinados grupos, como o grupo dos
homens que têm sexo com homens e pessoas que consomem drogas pro via injetada,
havendo também uma elevada proporção de pessoas a chegar tardiamente aos
cuidados de saúde. Apesar da disponibilização e eficácia do tratamento
antirretroviral, o número de casos de SIDA aumentou em alguns países. Fonte: Bloomberg Business Week
A infeção pelo VIH entre
as pessoas que usam drogas na Grécia aumentou mais de vinte vezes em pouco mais
de dois anos devido à ausência de programas de troca de seringas/agulhas e
tratamento de substituição opiácea, segundo reporta o European Centre for Disease
Prevention and Control. Fonte: National AIDS Trust, UK
Novos dados da Health Protection Agency, no Reino
Unido, revelam que em 2011, um quinto dos homens gay (21%) foi simultaneamente
diagnosticado pelo VIH e clamídia ou gonorreia em fase aguda. Tal, foi
comparado a 1 em 25 heterossexuais e a 1 em 30 mulheres heterossexuais.
Fonte: BBC Health
O número de casos de
infeção pelo VIH na Rússia foi 12% superior nos primeiros seis meses de 2012 do
que no mesmo período no ano anterior, segundo reportam especialistas
governamentais na área da saúde.
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