Não há aumento dos comportamentos de risco das pessoas sob medicação antirretroviral, segundo uma recente meta análise

Roger Pebody
Published: 09 July 2013

Uma das preocupações em relação ao “tratamento como prevenção” é a de que pode desencorajar as pessoas com infeção pelo VIH do uso de preservativo e de outros métodos de prevenção. Contudo, a meta análise não demonstrou um aumento de comportamentos de risco das pessoas sob terapêutica antirretroviral, em comparação com outras pessoas seropositivas. Na realidade, as pessoas sob tratamento tiveram menos relações sexuais desprotegidas e menos infeções de transmissão sexual.

O estudo de Joseph Doyle e colegas foi apresentado na 7ª Conferência Internacional da IAS em Kuala Lumpur esta semana.

Existe um problema relacionado com o facto de os investigadores examinaram estudos de todos os pontos do mundo e em diferentes momentos da introdução da terapêutica antirretroviral, sendo que alguns recolheram dados de anos recentes. Contudo, os entendimentos e os benefícios relacionados com o tratamento da infeção pelo VIH estão a mudar. Não foram analisados estudos sobre pessoas sob terapêutica especificamente com o propósito de tratar para prevenir.

Os investigadores identificaram todos os estudos prévios que preenchiam um pré determinado critério e juntaram os resultados. Os estudos relevantes diziam respeito a adultos seropositivos com ou sem terapêutica antirretroviral que forneciam informação sobre sexo desprotegido, diagnósticos de infeções de transmissão sexual ou práticas de injeção não seguras. Foi adotada a metodologia de colaboração de Cochrane.

Cinquenta e cinco diferentes estudos forneceram dados reportados pelos próprios participantes sobre sexo não protegido ou uso inconsistente de preservativo, num total de 30 000 participantes. Os dados coligidos mostraram que as pessoas sobre tratamento tinham 28% menos probabilidade de reportar sexo desprotegido em comparação com as pessoas que não estavam sob medicação (odds ratio 0.72, 95% intervalo de confiança 0.63 – 0.81). No entanto, verificou-se uma considerável heterogeneidade nesses resultados – os resultados variaram consideravelmente de estudo para estudo.

Para além disso, as pessoas sob terapêutica antirretroviral reportaram menos relações sexuais com pessoas sobre as quais não sabiam o estatuo serológico ou eram seronegativas (odds ratio 0.57, 95% intervalo de confidência 0.45 – 0.71).

Onze estudos com cerca de 16 000 participantes recolheram informação sobre diagnósticos de infeções sexualmente transmissíveis. Mais uma vez, os resultados sugeriram que as sob tratamento tinham menos possibilidade de ter uma infeção (odds ratio 0.58, 95% intervalo de confiança 0.33 – 1.01), embora estes resultados não foram estatisticamente significativos.

Estes resultados foram mais uma vez heterogéneos, mas essencialmente devido a um único estudo com resultados muito diferentes dos outros. Os investigadores sentiram-se na obrigação de excluí-lo da análise. Após a remoção deste estudo, os resultados tornaram-se estatisticamente significativos (odds ratio 0.48, 95% intervalo de confiança 0.38 – 0.61).

Apenas quatro estudos com um total de 1 600 participantes forneceram informação sobre práticas não seguras de injeção (troca de material ou reutilização). Esta análise mostrou que as pessoas sob terapêutica não tinham nem mais, nem menos práticas de injeção inseguras (odds ratio 0.90, 95% intervalo de confiança 0.60 – 1.35).

Os investigadores afirmam que os níveis baixos de comportamentos de risco referidos pelos participantes sob tratamento devem ser interpretados com cautela, uma vez que os dados não se referem a relações ocasionais.

Embora seja possível que o aconselhamento e o apoio associado ao seguimento clínico ajude as pessoas a limitar os riscos, também é igualmente possível que a causa vai no sentido contrário – os que têm maior estabilidade nas suas vidas ou que não correm mais riscos são os que mais aceitam o tratamento.

Mas os dados reafirmam. “As estratégias para aumentar o número de pessoas sob tratamento não parecem afetar negativamente os comportamentos de risco”, concluem os autores.

Referência

Doyle JS et al. Meta-analysis of effects of antiretroviral therapy use on sexual and injecting risk-taking behaviour. 7th IAS Conference on HIV Pathogenesis, Treatment and Prevention, Kuala Lumpur, abstract WEPDB0105, 2013. View the abstract on the IAS conference website.

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