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6ª Conferência da International AIDS Society, Roma, 17 a 20 de Julho de 2011

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Cobertura da Conferência

Este é o nosso último boletim de notícias sobre a 6ª Conferência da Internacional AIDS Society, que decorreu em Roma. Poderá encontrar toda a nossa cobertura no site www.aidsmap.com/ias2011.

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Utilizar o tratamento para o VIH como prevenção foi o tema mais relevante da conferência mas foram, também, apresentadas importantes investigações sobre as novas abordagens do tratamento para o VIH.

No geral, a conferência foi caracterizada pelo seu entusiasmo e optimismo – e houve inclusive uma apresentação sobre como a ciência pode chegar à cura.

Mesmo assim, os delegados ficaram sem ilusões sobre a contínua seriedade da epidemia; e os desafios admiráveis que impedem a concretização do potencial do tratamento como prevenção.

Talvez os maiores obstáculos sejam o número elevado de infecções por diagnosticar, o elevado número de doentes seguidos pelos cuidados de saúde que ainda não estão sob tratamento e a necessidade de um maior compromisso financeiro global para pôr um fim à epidemia.

Prevenção do VIH – Incentivos ao rastreio e permanência nos cuidados de saúde

Dr. Audrey Pettifor, da University of North Carolina. ©IAS/Moreno Maggi

Cerca de um quarto de todas as infecções pelo VIH, nos E.U.A. estão ainda por diagnosticar e apenas 19% dos doentes que vivem com a infecção têm níveis de carga viral indetectável. Tal, limita gravemente o potencial de o tratamento ter um verdadeiro impacto nas taxas de novas infecções.

Uma abordagem radical para impulsionar o rastreio e a adesão é a oferta de dinheiro ou de outros incentivos financeiros. A abordagem com incentivos não vem sem críticas. Alguns, acreditam que falha na abordagem de problemas sociais que levam à propagação do VIH; outros afirmam que é uma forma de engenharia social.

Durante a conferência, um simpósio sobre o assunto explorou várias abordagens.

Os investigadores de São Francisco concluíram que oferecer dinheiro como incentivo aumentou as taxas de vacinação contra a hepatite B entre os utilizadores de drogas injectáveis. 

Num ensaio clínico nos E.U.A., estão a ser oferecidos incentivos monetários a pessoas que obtenham um resultado positivo para o VIH de forma a encorajar os doentes a aceder á consulta e aos tratamentos no período de três meses após o diagnóstico. É, também, oferecida uma recompensa em dinheiro se um doente alcançar e mantiver carga viral indetectável.

O tratamento para o VIH é prevenção – PrEP e homens gay

Robert Grant, Coordenador do estudo iPrEx. ©IAS/Marcus Rose/Worker's Photos

Uma análise mais detalhada dos resultados do estudo iPrEX sobre a profilaxia pré-exposição (PrEP) utilizada por homens gay produziu resultados mistos.

Os homens do estudo foram randomizados para receber a PrEP com FTC/tenofovir (Truvada®) ou placebo.

Quando os resultados do estudo foram divulgados pela primeira vez, em Novembro passado, demonstraram que fazer a PrEP reduzia a taxa de infecções pelo VIH em 44%.

Uma nova análise aos resultados demonstrou que a eficácia foi ligeiramente mais baixa – apenas 42%.

No entanto, houve fortes evidências que a PrEP era bastante eficaz se os homens fizessem o tratamento de forma consistente.

A taxa de infecções foi reduzida em 92% nos homens que apresentavam níveis de medicamentos anti-retrovirais no sangue.

Transmissão da infecção pelo VIH de mãe-para-filho – amamentação

Orador Charles van der Horst, da University of North Carolina. ©IAS/Marcus Rose/Worker's Photos

O tratamento para o VIH é, frequentemente, usado para reduzir o risco de transmissão da infecção pelo VIH de mãe-para-filho.

As taxas de transmissão podem ser reduzidas para menos de 1% através do uso de terapêutica anti-retroviral, de monitorização adequada e da não amamentação.

Contudo, evitar a amamentação não é uma opção para algumas mulheres, em especial, se vivem em países onde não há outra alternativa segura.

Vários estudos demonstraram que estender a profilaxia pediátrica com nevirapina ou com nevirapina e AZT, durante a amamentação, pode reduzir o risco de transmissão.

Agora, uma análise conjunta a estes estudos demonstraram que estender a profilaxia infantil durante a amamentação, usando AZT e nevirapina, reduziu o risco de transmissão da infecção pelo VIH de mãe-para-filho em 71%.

“Prolongar a profilaxia com nevirapina ou nevirapina e zidovudina reduz significativamente a infecção pelo VIH no período pós-natal; quando maior for a duração da profilaxia, maior é a redução do risco de transmissão”, afirmou um dos investigadores.

Nos programas de planeamento familiar, há várias necessidades que não são abordadas

A prevenção da gravidez indesejada ou não planeada é um dos pilares dos programas de prevenção da transmissão de mãe-para-filho, mas uma investigação apresentada na conferência demonstrou uma enorme necessidade insatisfeita de planeamento familiar entre casais onde um ou ambos os parceiros são seropositivos para a infecção pelo VIH.

Há poucos casais que utilizem métodos de dupla protecção (uso do preservativo com outro meio contraceptivo), havendo pouco conhecimento sobre as estratégias que podem permitir aos casais serodiscordantes conceber ao mesmo tempo que reduzem o risco de transmissão sexual da infecção pelo VIH.

Usar medicamentos para o herpes para retardar a progressão da infecção pelo VIH

Dr. Alison Roxby, da University of Washington, Departamento de Medicina, Seattle. Imagem de Theo Smart (aidsmap.com)

Vários estudos apresentados na conferência demonstraram que dois medicamentos desenvolvidos para tratar o vírus herpes simplex (a causa do herpes genital) retardam a taxa de progressão de doença nas pessoas que vivem com VIH.

Ambos, aciclovir e valaciclovir, foram testados como tratamento para prevenir a transmissão da infecção pelo VIH, sem sucesso. O aciclovir reduziu o risco de declínio das células CD4 num ensaio que decorreu no Uganda, enquanto que um estudo randomizado com valaciclovir em mulheres grávidas e em fase de amamentação comprovou que as mulheres sob este medicamento tiveram aumentos na contagem das células CD4 e reduções da carga viral que duraram, pelo menos, um ano. Os investigadores afirmaram que o valaciclovir pode retardar a necessidade de tratamento anti-retroviral pelo período de quase dois anos, podendo representar uma opção custo-eficaz em locais de baixo rendimento onde a terapêutica anti-retroviral anda não é acessível para todas as mulheres grávidas.

Este estudo concluiu, também, que o valaciclovir reduziu os níveis de VIH no leite materno, indicando que poderá reduzir o risco de transmissão da infecção pelo VIH durante o período de amamentação. Um outro estudo demonstrou que o valaciclovir teve um efeito muito superior ao do aciclovir na carga viral do sangue.

Tratamento para o VIH – regimes poupadores de INTR

Com o tratamento e cuidados adequados, muitas pessoas que vivem com VIH têm uma esperança de vida quase normal.

Mas, como com todos os medicamentos, os fármacos utilizados no tratamento do VIH podem causar efeitos secundários. Os médicos estão particularmente preocupados com alguns medicamentos que podem aumentar o risco de doenças normalmente associadas ao envelhecimento – como por exemplo problemas ósseos e doenças cardiovasculares.

A classe de medicamentos anti-retrovirais mais associada a efeitos secundários, a longo prazo, é a dos Inibidores Nucleósidos da Transcriptase Reversa (INTR). Estes fármacos são a base de quase todas as combinações terapêuticas para o tratamento do VIH.

Uma investigação apresentada na conferência de Roma indica que pode ser possível planear uma combinação segura e eficaz que não inclua os INTR.  

Um estudo demonstrou que o tratamento com o inibidor da integrase raltegravir (Isentress®) e ritonavir potenciado com darunavir (Prezista®) foi tão eficaz como a combinação terapêutica tradicional composta por Truvada® e ritonavir/darunavir.

O estudo envolveu pessoas que estavam a iniciar o tratamento para o VIH. Após seis meses, proporções semelhantes de doentes apresentavam carga viral indetectável e o aumento das células CD4 foi, também, comparável.

Um segundo estudo observou a segurança e eficácia da combinação que incluiu o inibidor CCR5 maraviroc (Celsentri®) com o atazanavir (Reyataz®) potenciado pelo ritonavir. Uma vez mais, a combinação foi comparada com o regime baseado com Truvada®.

Os resultados de seis meses demonstraram que as duas combinações eram igualmente eficazes.

Contudo, após um ano, houve um pequeno número de pessoas sob a combinação dos regimes poupadores dos ITRN que tinham carga viral indetectável. Em comparação, o número de doentes sob uma combinação que incluía INTR com carga viral indetectável permaneceu estável. 

Mesmo assim, os níveis de oscilação da carga viral foram baixos e todos os doentes, acabaram por apresentar níveis indetectáveis de carga viral sem uma mudança de tratamento.  

Tratamento para o VIH – um novo inibidor da integrase

Imagens da apresentação por Jan van Lunze, da University Medical Center, em Hamburg-Eppendorf

Os inibidores da integrase são uma nova classe de medicamentos para o VIH. Impedem o material genético do VIH de ser integrado nas células humanas e parecem eficazes e muito bem tolerados.

Novos dados sobre o inibidor da integrase a ser desenvolvido pela ViiV Healthcare, designado por dolutegravir, foram apresentados em Roma. Será o primeiro inibidor da integrase com uma toma diária que não precisará de agente potenciador. Comparado com o tratamento padrão que inclui efavirenze, o tratamento com dolutegravir foi igualmente potente, mas com menos efeitos secundários.

O dolutegravir está a ser testado em ensaios clínicos de fase 3, tendo em vista o licenciamento do produto em 2013 e uma combinação de um comprimido de dose fixa que também contenha abacavir e 3TC está a ser planeado.

O e-atlas do aidsmap

Consultou recentemente o site do aidsmap? Estamos a desenvolver uma ferramenta designada por e-atlas. Agrega informação, país por país, da enorme lista de organizações (com detalhes sobre os contactos, descrição em quatro idiomas e links para os media comunitários), as nossas notícias e, também, factos e figuras de diferentes recursos bibliográficos.

Queremos disponibilizar informação baseada em evidência para todas as pessoas interessadas na área do VIH em países específicos e informação fidedigna para qualquer pessoa que procure serviços locais na sua região. 

Se trabalha para uma organização na área do VIH ou relacionada, diga-nos se pretende actualizar a informação que temos, ou se quer adicionar a sua organização à nossa base de dados. Está disponível um formulário online ou pode enviar um e-mail para e-atlas@nam.org.uk.

Redesenhamos recentemente o motor de busca do e-atlas para facilitar a sua procura – porque não consulta e vê o que consegue encontrar? Se não tem certeza por onde começar, consulte as notícias, estatísticas e recursos na Página de Itália ou procure Centros de tratamento para o VIH no Brasil!

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Clinical Care Options

A Clinical Care Options está, também, a fazer a cobertura oficial da conferência. Para consultar os resumos e opiniões dos especialistas, consulte o site da Clinical Care Options.

 Tradução disponibilizada por: 

  GAT - Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos VIH/SIDA  

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