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Quarta-feira 12 de março

Conteúdos

VIH e risco de doença cardíaca

A doença cardiovascular tornou-se a principal causa de doença grave e de morte entre pessoas que vivem com VIH. As razões exatas não são claras, mas podem incluir danos causados pela infeção pelo VIH não tratada, efeitos secundários de alguns medicamentos antirretrovirais e riscos tradicionais como dieta e tabagismo.

A relação entre a infeção pelo VIH e o risco de doença cardíaca foi objeto de vários estudos apresentados no CROI. Houve sinais promissores de que melhorias no tratamento antirretroviral podem normalizar as taxas de doença cardíaca entre pessoas que vivem com VIH.

Os investigadores na Califórnia compararam o número de enfarte agudo de miocárdio em quase 25 000 pessoas seropositivas e 250 000 seronegativas para a infeção pelo VIH da mesma facha etária e género, entre 1996 e 2011.

No geral, as pessoas com infeção pelo VIH tinham 40% mais probabilidade de ter enfarte agudo miocárdio. Mas a relação entre a infeção pelo VIH e o enfarte diminuiu no decurso do estudo e, em 2010-2011, as pessoas seronegativas e seropositivas para o VIH apresentavam níveis de risco semelhante.

Contudo, a população do estudo englobou pessoas com seguro de saúde e 91% era do género masculino, sendo que os investigadores advertem que as conclusões podem não se aplicar a outros grupos, em particular, ao grupo das mulheres.

Uma investigação independente que envolveu mais de 2 000 mulheres a receber cuidados de saúde através do US Department of Veterans Affairs concluiu que a infeção pelo VIH foi associada a um aumento três vezes superior de risco de doença cardíaca e que este ocorreu em mulheres mais jovens infetadas pelo VIH.

Uma outra investigação mostrou uma relação entre a contagem de células CD4 baixa e o risco de doença cardíaca, enquanto um outro estudo que envolveu pessoas mais velhas, demonstrou que a infeção pelo VIH aumentou o risco de enfarte até aproximadamente 40%.

Será que estes estudos clarificaram a relação entre a infeção pelo VIH e o enfarte agudo de miocárdio? Os resultados surpreendentemente contrastantes do estudo californiano que envolveu pessoas com seguro de saúde e o da coorte a receber cuidados de saúde através do Veterans Affairs indica que os fatores de risco tradicionais e os efeitos da pobreza podem ser importantes para determinar quais as pessoas que vivem com VIH com risco aumentado de doença cardíaca.

Aumento massivo do rastreio e tratamento para conter a epidemia do VIH entre homens gay no Reino Unido

A proporção de homens gay que vive com VIH no Reino Unido com carga viral indetetável precisará de aumentar da atual taxa de 60% para 90% para conter o número de novas infeções pelo VIH nesta população, segundo os resultados de um estudo modelar.

Os homens gay permanecem um dos grupos mais afetados pelo VIH no Reino Unido, e a taxa de novas infeções não está a descer.

Os resultados dos primeiros dois anos do estudo PARTNER, apresentado no CROI, demonstram que não houve transmissão da infeção pelo VIH em casais gay (ou heterossexuais) quando o parceiro seropositivo para o VIH estava sob tratamento e com supressão viral. Mas apesar do acesso gratuito aos cuidados de saúde e resultados do tratamento, a taxa de novas infeções pelo VIH nos homens gay no Reino Unido permanece, a cada ano, constante ou crescente.  

Atualmente, cerca de 60% dos homens gay que vivem com VIH no Reino Unido têm carga viral indetetável. Os resultados deste estudo mostram que se este cenário permanecer por alterar, cerca de 3 000 homens vão contrair, anualmente, a infeção.

Contudo, se a percentagem de pessoas com carga viral indetetável subisse para 90%, o número anual de novas infeções seria mais baixo, aproximadamente 600 novas infeções.

Para alcançar este objetivo, o modelo concluiu que seria necessário aumentar as taxas de rastreio e iniciar o tratamento para as pessoas diagnosticadas com infeção pelo VIH. Atualmente, 40% dos homens são diagnosticados com infeção pelo VIH no primeiro ano de infeção, mas este valor precisaria de aumentar para 90% para que o tratamento antirretroviral possa ter um forte impacto na taxa de novas infeções.

No geral, o modelo demonstra que o tratamento antirretroviral pode ter um forte impacto nas taxas do VIH entre os homens que têm sexo com homens no Reino Unido, mas tal poderá requerer uma grande mudança nas atuais estratégias de rastreio e tratamento.

Risco da infeção pelo VIH em mulheres grávidas

Os resultados do estudo conduzido no Quénia demonstram que as mulheres têm um elevado risco de contrair a infeção pelo VIH durante a gravidez. Os resultados refletem a importância do rasteio do VIH durante a gravidez, especificamente, para ajudar na prevenção da transmissão da infeção pelo VIH mãe-filho.

Os investigadores recrutaram para o estudo, conduzido entre 2011 e 2013, mais de 1 300 mulheres. Ter tido o resultado negativo para a infeção pelo VIH durante a consulta pré-natal ou nos três meses anteriores ao estudo foram critérios de entrada.

Dez mulheres foram diagnosticadas com infeção pelo VIH no recrutamento e 14 contraíram a infeção durante a fase de acompanhamento - duas no final da gravidez, três 14 semanas após o parto e sete nove meses após o parto.

O diagnóstico de uma infeção sexualmente transmissível (IST) foi associado a um aumento de quatro vezes do risco de infeção pelo VIH durante a gravidez, e os investigadores salientam a importância do rastreio e tratamento de IST na prevenção do VIH.

Prevenção da transmissão mãe-filho

O lopinavir/ritonavir ou 3tc são igualmente eficazes quando usados para profilaxia pré-exposição pediátrica (PrEP) para prevenir a transmissão da infeção pelo VIH mãe-filho durante a amamentação, segundo um estudo conduzido em vários países africanos.

O estudo envolveu mais de 1 200 crianças de mães seropositivas para o VIH e que nasceram seronegativas. Estavam a ser amamentadas com leite materno, o que significou um forte risco de transmissão. As crianças foram randomizadas em dois grupos para receberem profilaxia com lopinavir/ritonavir (Kaletra®) ou 3TC (lamivudina, Epivir®).

Durante doze semanas de amamentação, aproximadamente 1,5% das crianças contraíram infeção pelo VIH e as taxas de transmissão não divergiram nos dois regimes da PrEP. A taxa de sobrevivência sem infeção pelo VIH foi acima de 95% para ambos os regimes, e a mortalidade infantil semelhante para os dois medicamentos. Os investigadores observaram que nenhuma morte foi atribuída à infeção, mas a diarreia e pneumonia.

Novos medicamentos e estratégias de tratamento

Vários estudos apresentados no CROI disponibilizaram informação promissora de novos medicamentos e estratégias de tratamento.

Novo ITRNN tem resultado positivo em estudo

Javier Morales-Ramirez, orador no CROI 2014. Fotografia de Liz Highleyman, hivandhepatitis.com.

O ITRNN experimental doravine é altamente potente contra a infeção pelo VIH com um perfil dos efeitos secundários é bom. A classe do ITRNN (inibidor da transcriptase reversa não-nucleósido) para o VIH inclui atualmente o efavirenze, etravirina, nevirapina e rilpivirina.

Neste estudo, o doravirine foi administrado em combinação com tenofovir e FTC, os medicamentos que compõem o Truvada®. A investigação envolveu aproximadamente 200 pessoas que nunca tinham estado sob terapêutica antirretroviral. A potência e segurança do doravirine foram comparadas ao efavirenze (Sustiva®, Stocrin®, também na terapêutica de combinação Atripla®).

Após 24 semanas, 76% das pessoas sob doravirine tinham carga viral indetetável, comparadas com 64% das pessoas sob efavirenze. O doravirine foi também associado a menores taxas de efeitos secundários.

Em investigações futuras será estudada uma dosagem de 100 mg de doravirine.

Terapêutica de manutenção com dois medicamentos

David Margolis, orador no CROI 2014. Fotografia de Liz Highleyman, hivandhepatitis.com.

Uma combinação de dois medicamentos antirretrovirais comprovou ser tão eficaz quanto a tradicional terapêutica tripla ao manter a carga viral indetetável em duas pessoas que atingiram supressão vírica ao recorrerem à combinação de três medicamentos.

A combinação dupla consistiu no ITRNN rilpivirinea (Edurant®) e no inibidor da integrase experimental GSK1365744.

Os participantes no estudo iniciaram a terapêutica com combinação tripla. Após seis meses, e desde que tivessem carga viral abaixo de 50 cópias/ml, o tratamento seria alterado para uma de três doses da combinação de manutenção de dois medicamentos. O tratamento continuou por mais seis meses e as taxas de supressão vírica foram comparadas às das pessoas sob combinação tripla.

O mesmo número de pessoas sob terapêutica dupla e tripla atingiu carga viral indetetável à semana 48.

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