Having trouble reading this email? View it in your browser

NAM aidsmap

Official provider of online scientific news - AIDS 2010

AIDS 2010 XVIII International AIDS Conference Vienna 18-23 July 2010

Aumentar a disponibilização dos tratamentos tem um grande impacto: mas existem preocupações em relação aos financiamentos futuros

Michel Kazatchkine, Director Executivo do Global Fund to Fight AIDS, Tuberculosis and Malaria. ©IAS/Steve Forrest/Workers' Photos.

O acesso à terapêutica anti-retroviral no Brasil e na África do Sul diminuiu as taxas de mortalidade, mas o dinheiro dos doadores internacionais para alcançar este sucesso pode diminuir.

Michel Kazatchkine, do Fundo Global, afirmou na Conferência de Viena que a crescente pressão nos sistemas de saúde significa que as contribuições para o Fundo Global precisam de aumentar. Contudo, em 2008-2009, as doações dos países europeus baixaram 600 milhões de USD e estima-se que o Fundo tenha, neste momento, um défice entre 4 e 6 mil milhões de dólares.

Kazatchkine estimou que, se os actuais níveis de procura continuarem durante os próximos dois anos, o Fundo Global vai precisar de um valor entre os 17 e os 20 mil milhões para cobrir as necessidades de saúde dos países em desenvolvimento.

Para além disso, noutra sessão, os delegados foram avisados que o acesso universal ao tratamento da infecção pelo VIH está a ser ameaçado por falta de vontade.

“Se nós não somos capazes de tratar as pessoas, seremos capazes de suportar o massacre?”, perguntou o Dr Peter Mugyenyi, Director do Uganda’s Joint Clinical Research Centre.

Dr. Peter Mugyenyi, Director do Uganda's Joint Clinical Research Centre. ©IAS/Marcus Rose/Workers' Photos.

O Dr. Mugyenyi foi pioneiro no aprovisionamento da terapêutica anti-retroviral em África, e salientou como o dinheiro do PEPFAR e do Fundo Global “permitiu ao Uganda e a outros países fazer o que tinha sido descrito como impossível em África”.

Contudo, está preocupado que agora algumas pessoas questionem se o aprovisionamento universal do tratamento para o VIH é comportável.

Foi dito aos Delegados que tinha havido um “retrocesso” na crescente subida das contribuições para ajuda. As contribuições dos E.U.A. foram descritas como “mínimas” comparadas com o que tinha sido prometido.

Durante a sessão, alguns oradores sublinharam a diminuição de stocks de medicamentos anti-retrovirais e apelaram para um aumento, em vez de um retrocesso, no financiamento.

O uso de novos medicamentos é custo-eficaz em países pobres

Dois estudos separados sobre o uso de novos medicamentos menos tóxicos em países de médio e baixo rendimento demonstraram ser custo-eficazes.  

As novas orientações terapêuticas da Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendam que o uso do d4T (estavudina) seja descontinuado.

Adicionalmente, as orientações também defendem iniciar o tratamento quando a contagem de células CD4 de um doente é de cerca de 350. Isto significa que as combinações com nevirapina já não seriam uma opção para as mulheres, devido ao risco de toxicidade severa e interacções com os medicamentos anti-tuberculostáticos (TB).

A OMS recomenda agora que os tratamentos de primeira linha consistam numa combinação que inclua efavirenz, tenofovir e 3TC (lamivudina) ou FTC (emtricitabina). Esta combinação é mais cara que as actualmente disponibilizadas.

Contudo, a ONUSIDA calculou que o tratamento com esta combinação teria um custo-eficácia elevado. Uma outra equipa de investigadores estimou que a melhoria dos resultados observados com um regime terapêutico contendo efavirenze/tenofovir/3TC significaria que os seus custos reais seriam reduzidos.

Tratamentos maternos para o VIH diminuem a mortalidade infantil

Objectivos de Desenvolvimento do Milénio 4 e 5. Imagem: © UNDP Brasil.

A mortalidade infantil antes dos cinco anos é 75% menor entre os bébes cujas mães seropositivas para o VIH receberam tratamento anti-retroviral.

A investigação apresentada em Viena, envolveu 12 000 mulheres de KwaZulu Natal, na África do Sul, que foram mães entre 2000 e 2006.

Os investigadores analisaram as taxas de mortalidade infantil após a introdução da terapêutica anti-retroviral na região, em 2004. Um total de 300 mulheres iniciou este tratamento.

A taxa de mortalidade aos cinco anos para as crianças cujas mães não receberam a terapêutica anti-retroviral foi de 9%, comparada com 5,7% em crianças, cujas mães foram tratadas com anti-retrovirais – uma redução de 75%. Considerando um conjunto de factores de risco, a terapêutica anti-retroviral alcançou 75% de redução da mortalidade infantil.

Em associação com:

Bons resultados em crianças seropositivas para o VIH, mas existem problemas no diagnóstico infantil

Uma investigação, na África do Sul, demonstrou que o tratamento para o VIH é tão eficaz em crianças como em adultos.

O estudo envolveu 1 200 crianças com idade inferior a 12 anos. A disponibilização da terapêutica reduziu a taxa de mortalidade em 50%.

A maioria das mortes ocorreu durante os primeiros meses de tratamento, demonstrando a importância de um diagnóstico precoce.

Contudo, outras investigações demonstraram que as crianças em locais de recursos limitados, muitas vezes, não são diagnosticadas com a antecedência suficiente para lhes permitir beneficiar da terapêutica anti-retroviral.

As novas orientações da OMS recomendam que todas as crianças seropositivas para o VIH iniciem a terapêutica anti-retroviral, independentemente da fase da doença ou da percentagem ou contagem de células CD4. Mas, não podem iniciar o tratamento se não forem diagnosticadas.

Investigações no Camboja, Namíbia, Senegal e Uganda mostraram que, nestes países, muitas crianças não estavam a ser testadas para o VIH.

Acrescentam que as crianças não estão a ser testadas com a antecedência suficiente. Menos de 50% das que foram testadas para o VIH fizeram-no antes de atingir os dois meses e os resultados obtidos nas crianças cujo teste foi positivo foi muito pobre. Apenas 25 a 45% estavam vivas e em tratamento no fim do estudo.

Em associação com:

Os adolescentes seropositivos para o VIH têm necessidades complexas

O projecto brasileiro “Pela Vida” trabalha com cerca de 150 crianças e adolescentes. (Imagem: Eduardo Martino/Save the Children/Department for International Development. Creative Commons/via Flickr)

Uma investigação apresentada na conferência demonstrou que os adolescentes seropositivos para o VIH não têm de lidar apenas com problemas tais como divulgar o seu estatuto e com a adesão, mas enfrentam também os tradicionais desafios do crescimento.

A investigação, conduzida no Quénia, Uganda e E.U.A. demonstrou que os adolescentes precisariam de apoio para os ajudar a crescer com o VIH e a lidar com a imagem corporal, intimidade sexual, relações com os pares e a planear o futuro. 

Pode também haver problemas durante a transição dos serviços pediátricos para os serviços de adultos, e investigadores da Roménia reportaram que 60% dos adolescentes têm problemas de adesão.

Foi dito aos delegados que são necessárias intervenções bem desenhadas e dirigidas a este grupo para os ajudar a lidar com estes problemas.

O contexto médico para estes desafios foi sublinhado numa sessão separada, tendo as investigações demonstrado que as crianças seropositivas para o VIH estavam em risco de desenvolver problemas metabólicos e cardíacos.

Os investigadores europeus concluíram que cerca de 57% de crianças seropositivas para o VIH e adolescentes a receber a terapêutica anti-retroviral tinham mudanças corporais, ou outras anormalidades metabólicas, como o colesterol elevado (lipídos).

Tal é preocupante porque as crianças seropositivas para o VIH têm de enfrentar um tratamento para toda a vida, e os lipídos elevados são um factor de risco para a doença cardiovascular.

Os investigadores da Harvard School of Public Health concluíram que 4% das crianças seropositivas para o VIH tinham disfunção cardíaca.

Em associação com:

A combinação com Raltegravir/Kaletra demonstrou bons resultados

De acordo com uma investigação apresentada na conferência  sobre uma “combinação poupadora de INTR” com inibidor da integrase raltegravir (Isentress®) e inibidor da protease lopinavir/ritonavir (Kaletra®) parece fortemente prometedora.

Os medicamentos da classe dos INTR (inibidores nucleósidos da transcriptase reversa) são, geralmente, o esqueleto (a base) da combinação do tratamento para o VIH.

Contudo, há a preocupação sobre os efeitos secundários a longo prazo de muitos medicamentos INTR.

Os investigadores efectuaram então uma comparação entre a tradicional combinação terapêutica (Kaletra® e Truvada®) e uma combinação de dois medicamentos composta por Kaletra® e raltegravir.

O estudo envolveu 206 doentes que nunca tinham feito terapêutica anti-retroviral. Após 48 semanas, percentagens quase idênticas de doentes nos dois braços do estudo tinham carga viral indetectável (85 vs 83%). Isto demonstrou que a combinação contendo raltegravir não foi “inferior” ao tradicional regime terapêutico com três fármacos.

O efeito secundário mais comum foi a diarreia (13 vs 8%) e o aumento de colesterol (8 vs 5%).

Percentagens semelhantes de doentes nos dois braços do estudo interromperam o tratamento antes deste estar concluído.

Os investigadores estão agora a propor estender o período de análise para 96 semanas.

Bill Gates faz o mapeamento para uma prevenção mais eficaz do VIH

Fundador da Microsoft Bill Gates ©IAS/SteveForrest/Workers' Photos

O mundo carece dos meios para lidar com a infecção pelo VIH, afirmou Bill Gates, o bilionário e filantropo fundador da Microsoft, segunda-feira, durante a conferência.

No entanto, apresentou modelos que mostram que podemos reduzir as actuais epidemias em 40% com a utilização eficaz e clara dos recursos simples de prevenção já existentes. Integrando microbicidas e profilaxia pré-exposição (PrEP), que pode vir a estar disponível em cinco anos, poderemos reduzi-las em 60%.

Resumo das notícias

Generalizar a circuncisão  

A circuncisão é um dos vários métodos de prevenção no combate à infecção pelo VIH. É viável e seguro para uma equipa de cinco pessoas circuncidar dez homens numa hora. Para consegui-lo, as tarefas partilham-se entre médicos e enfermeiros e os procedimentos têm sido melhorados de forma a usar o tempo com eficiência.

Consulte o artigo na íntegra >>

Maior possibilidade de sucesso no tratamento da hepatite C se a terapêutica para o VIH incluir nevirapina

As pessoas co-infectadas pelo VIH e hepatite C que incluíram nevirapina (Viramune®) nos seus regimes terapêuticos anti-retrovirais têm maior possibilidade de alcançar uma resposta sustentada para a hepatite C crónica, com a terapêutica baseada em interferão.

Consulte o artigo na íntegra>>

Muitos países deportam pessoas seropositivas para o VIH

Em todo o mundo, trinta e um países têm políticas de deportação para cidadãos seropositivos de outros países. Aliás, mesmo que alguns países europeus não deportem indivíduos com base no estatuto serológico positivo, a deportação dos que procuram asilo e dos migrantes indocumentados acontece de qualquer forma, mesmo quando há dúvidas de que o indivíduo tenha possibilidade de receber os medicamentos necessários no país para onde o deportam.

Consulte o artigo na íntegra>>

Encontre os delegados

No stand da NAM no hall de exibição (502), temos estado a conhecer e a falar com delegados de todo o mundo. Estamos muito agradecidos por esta oportunidade de conhecer o vosso trabalho, aprender mais sobre como estão a fazer as coisas e saber como estão a utilizar os recursos da NAM e do aidsmap.com.

Visite as nossas páginas de internet para saber mais sobre algumas pessoas que temos conhecido.

No stand, temos frequentemente apresentado o novo site  aidsmap.com às pessoas – e alguns dos nossos recursos impressos e on-line. Se está em Viena, venha ter connosco ao stand 502. Também poderá ver toda a lista dos nossos recursos na nossa página Web – visite-nos. www.aidsmap.com/resources

Mais cobertura da conferência

Para mais informacões sobre a conferência consulte a nossa página da internet Viena. Pode também acompanhar o nosso Editor Principal Keith Alcorn, no Twitter.

Outros dois parceiros oficiais estão a trabalhar na cobertura e análise da conferência on-line, de modo a que possa ter acesso a toda a informação.  A Clinical Care Options (CCO) irá disponibilizar destaques audio, sumários e apresentacões para download,enquanto a Kaiser Family Foundation irá disponibilizar informações das sessões através da internet.

 Tradução disponibilizada por: 

  GAT - Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos VIH/SIDA  

AIDS 2010 conference coverage in partnership with: