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AIDS 2010 XVIII International AIDS Conference Vienna 18-23 July 2010

Mais sobre a NAM

Este é o nosso último boletim por e-mail da cobertura da Conferência Internacional sobre SIDA, em Viena. Visite o site www.aidsmap.com/vienna2010 para mais informação. Poderá continuar em contacto connosco durante todo o ano inscrevendo-se para receber um dos nossos boletins via e-mail, juntando-se à nossa rede de facebook, contribuindo para o nosso novo E-atlas, ou simplesmente visitando o website, aidsmap.com.

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Estudo apoia o início da TARc acima de 350 células CD4

Um estudo mostrou que os doentes que iniciaram o tratamento para o VIH quando a contagem das células CD4 estava entre as 350 e as 500/mm3 tiveram melhores resultados que as pessoas que iniciaram a terapêutica quando a contagem de células CD4 era de 350/mm3 ou abaixo.

Contudo o estudo também demonstrou que iniciar o tratamento com a contagem das células CD4 acima das 500 não trouxe vantagens adicionais.

O estudo CASCADE seguiu mais de 9000 doentes, recrutados nos 6 meses a seguir à infecção; nenhum tinha SIDA e nenhum tinha iniciado tratamento.

Os doentes foram seguidos, em média, durante 5 anos e comparou-se a progressão para SIDA e morte com e sem tratamento. Aproximadamente 9% progrediram para SIDA e 6% morreram.

O início do tratamento, nos doentes com contagem de células CD4 entre 200 e 350, reduziu o risco de SIDA ou morte em cerca de 40%.

Os benefícios do tratamento também ficaram claros para os que o iniciaram quando a contagem das células CD4 estava entre as 350 e as 500.

Mas o risco de SIDA ou morte foi menor nos doentes cuja contagem de CD4 estava acima dos 500, independentemente do facto de terem ou não tomado medicamentos anti-retrovirais.

Ter uma baixa contagem de células CD4 aumenta o risco de dano cerebral

Igor Grant from the University of California at San Diego. ©IAS/Steve Forest/Workers' Photos

Ter um baixo nadir (a menor contagem de sempre) de células CD4 aumenta o risco de danos neurocognitivos, mesmo que o doente responda bem ao tratamento anti-retroviral.

Nos E.U.A os investigadores do estudo CHARTER avaliaram os factores de risco para problemas neurocognitivos em 1500 pacientes com VIH.

Aproximadamente metade dos participantes do estudo apresentou algum tipo de dano.

Os investigadores viram uma relação consistente entre o nadir (contagem de células CD4) e a presença de danos.

Prevenir a imunossupressão grave, ao iniciar o tratamento precocemente "pode conduzir a resultados neurocognitivos mais favoráveis", argumentaram os investigadores.

O Atazanvair funciona bem em combinações sem INTRs

A utilização do inibidor da protease atazanavir (Reyataz®) com o inibidor da integrase raltegravir (Isentress®) ou do inibidor do CCR5 maraviroc (Celsentri® ou Selzentry®) tem um bom efeito anti-retroviral.

Mas existem algumas preocupações sobre possíveis efeitos secundários e o desenvolvimento de resistências.

O estudo SPARTAN envolveu 94 doentes naïves para o tratamento, randomizados para receber atazanavir potenciado com ritonavir, mais Truvada® (FTC e tenofovir), ou atazanavir não potenciado com raltegravir.

Após 24 semanas, 75% dos doentes a tomar atazanavir/raltegravir tinha carga viral indetectável, comparados com os 63% do outro braço.

Alguns doentes foram seguidos durante 48 semanas, altura em que se verificou que 82% dos doentes a fazer atazanavir/raltegravir e 76% dos doentes sob o outro regime terapêutico continuavam indetectáveis.

A resistência ao raltegravir surgiu num pequeno número de doentes cuja replicação viral não foi suprimida.

A subida da contagem das células CD4 foi ligeiramente melhor entre os doentes no braço do raltegravir.

No geral, as taxas de efeitos secundários foram similares. No entanto, aqueles que se encontravam no braço que estava a fazer atazanavir/raltegravir tinham muito mais hipóteses de ter uma subida da bilirrubina e consequentemente de parar o tratamento.

O estudo A4001078  incluiu 121 doentes randomizados para tomar atazanavir potenciado e maraviroc ou atazanavir/ritonavir e Truvada.

Após 24 semanas, 80% daqueles que estavam no braço do atazanavir/maraviroc tinham carga viral indetectável comparados com os 89% do outro braço.

A Profilaxia pré-exposição (PrEP, em inglês) parece ser segura

Um estudo com homens gays norte-americanos sugere que a profilaxia pré-exposição (PrEP, em inglês) utilizando tenofovir (Viread®) é segura.

O ensaio incluiu 373 homens; 86% completou os dois anos do estudo.

Os participantes foram divididos em quatro grupos, os dois primeiros foram randomizados para receber tenofovir ou um placebo durante dois anos. Os homens dos outros dois grupos foram monitorizados durante seis meses tendo posteriormente iniciado o tratamento com tenofovir ou placebo. Com estes dois últimos braços pretendia-se verificar se a utilização da PrEP aumentava o comportamento sexual de risco.

Não foram verificadas diferenças significativas nos efeitos secundários reportados pelos doentes a fazer tenofovir ou placebo, excepto dores nas costas relatadas por aqueles que estavam a fazer tenofovir.

Felizmente não houve evidências que o tenofovir afectasse a função renal, ou causasse perda de massa óssea.

O comportamento sexual de risco não aumentou durante o ensaio.

Sete homens ficaram infectados para o VIH durante o estudo: nenhum deles estava a fazer tenofovir.

Mas os investigadores enfatizaram que as suas investigações não tinham poder estatístico para demonstrar que a PrEP é efectiva.

Preocupações sobre a campanha de teste da África do Sul

Activist Mark Heywood. ©IAS/Marcus Rose/Workers' Photos

Durante a conferência falou-se  sobre o facto de uma campanha para testar 15 milhões de pessoas para o VIH, durante um ano na África do Sul, estar a ser desacreditada pela coerção podendo acabar por ter pouco valor devido à falta de procedimentos efectivos de monitorização

A África do Sul pretende providenciar terapêutica anti-retroviral  a 80 % daqueles que necessitam até ao fim de 2011.

Muitas infecções pelo VIH não estão diagnosticados, por isso juntamente com esta política de tratamento existe uma campanha massiva para efectuar o teste. O Ministro da Saúde estima em “cerca de um milhão” as pessoas que foram testadas para o VIH desde Abril.

O activista Mark Heywood disse que a campanha a favor do teste era necessária e justificada, explicando que esta poderá ser não apenas um meio de acesso ao tratamento e cuidados como irá também oferecer o rastreio para outras doenças e o fortalecimento dos sistemas de saúde.

Mark Heywood expressou preocupações especialmente sobre os direitos humanos. “Não existe um sistema para monitorizar se uma pessoa que é diagnosticada com VIH, passa a sofrer discriminação, violência ou tem acesso ao tratamento” disse.

Além disso, Heywood expressou as suas dúvidas sobre se todas as pessoas que forem diagnosticadas irão receber o tratamento.

Estabeleceu-se um debate acalorado durante a sessão, com um dos delegados a dizer: “Estou muito preocupado que as sessões de aconselhamento e teste para o VIH continuem a ser o local onde as pessoas querem colocar uma barreira…antes de deixar que as pessoas acedam ao tratamento …não há outra doença da qual tenhamos feito um bicho-de-sete-cabeças acerca do diagnóstico.

Infecções recentes no Reino Unido

Aproximadamente 16% dos homens gay diagnosticados com VIH no Reino Unido em 2009-10 tinham sido infectados recentemente .

Investigadores da Health Protection Agency (APS) analisaram 2099 amostras de sangue de pessoas seropositivas para o VIH entre Fevereiro de 2009 e Maio de 2010, utilizando o “Algoritmo de Teste de Infecções Recentes”.

Concluíram que 16% dos homens gays diagnosticados com infecção pelo VIH foram recentemente infectados, em comparação com 6% dos homens heterossexuais e 7% das mulheres heterossexuais.

As infecções recentes em heterossexuais verificam-se na sua maioria entre pessoas nascidas no Reino Unido. As pessoas heterossexuais de origem Africana tendem a ser diagnosticados com infecção crónica de VIH.

Prevenção – Quem são os alvos?

Imagens da apresentação por Kimberly Powers

Uma investigação feita no Malawi concluiu que as iniciativas de prevenção do VIH necessitam de abordar os doentes com infecção crónica de VIH, e os doentes recentemente infectados.

Os investigadores argumentaram que, mesmo que se provasse ser possível chegar a 75% dos doentes com infecção pelo VIH a longo termo, tal não iria parar a epidemia.

Assim, enfatizaram a necessidade de ter como objectivo  as pessoas recentemente infectadas, que são potencialmente muito infecciosas, uma vez que a carga viral é especialmente elevada, pouco depois da infecção ocorrer.

Os investigadores estimaram que 38% das novas transmissões pelo VIH em Lilongwe, no Malawi, podem ser atribuídas a pessoas recentemente infectadas.

Calcularam que se as intervenções de prevenção do VIH bem sucedidas chegassem a 75% dos indivíduos recentemente infectados, a prevalência do VIH, no país, poderia ser reduzida do actual nível de 14% para 8%, em 2030.

Se a prevenção eficaz pudesse chegar a 75% dos doentes com infecção crónica e 50% dos doentes com infecção recente, a prevalência desceriam cerca de 1% em 2030.

“Os nossos resultados sugerem que é tempo de determinar os melhores meios de identificar casos recentes e as melhores estratégias de prevenção para utilizar durante a infecção VIH no período inicial,” disse um investigador.

São necessários mais apoios financeiros para a Europa de Leste e a Ásia Central

Shona Schonning da Eurasian Harm Reduction Network @IAS/Marcus Rose/Workers’Photos

Foi dito na conferência que nesta região 89% do financiamento do Governo Nacional para a prevenção do VIH vai para os programas dirigidos à população geral, apesar da maioria das epidemias destes países serem em utilizadores de drogas injectáveis.

Os oradores pediram ao Fundo Global para continuar a apoiar os programas de prevenção na Federação Russa entre outros países. Eles acreditam que o governo Russo não está disposto ou é incapaz de responder à epidemia de VIH no país.

Sem apoio internacional, as necessidades de prevenção dos grupos vulneráveis serão ignoradas e as rupturas de stock de tratamentos tornar-se-ão mais frequentes.

A Europa de Leste e a Ásia Central têm neste momento a epidemia de VIH com o crescimento mais rápido do mundo. A prevalência do VIH é superior a 1% na população da Rússia e da Ucrânia e excepcionalmente elevada em utilizadores de drogas injectáveis.

Além disso, apenas 23% dos doentes que necessitam de terapêutica anti-retroviral têm acesso à mesma.

As notícias em resumo

Nora Volkow do US National Institute on Drug Abuse. ©IAS/Marcus Rose/Workers’ Photos

O VIH e o consumo de drogas

De acordo com um painel de especialistas na conferência, as políticas de drogas baseadas na ideologia e não na ciência estão a alimentar as violações aos direitos humanos dos consumidores de droga.

Numa sessão independente, os delegados foram informados de que o consumo de drogas está ligado ao aumento de taxas de transmissão de VIH, comprovando que os programas de terapêutica de substituição podem ajudar a travar a epidemia de VIH.

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O VIH e as prisões

Um painel na conferência reconheceu o nível extremo de necessidade dos presos, a nível de saúde, e o lento progresso feito na reforma do cuidados de saúde nas prisões.

A maioria dos países implementou poucos ou nenhuns programas de redução de riscos para indivíduos na prisão, oferecendo quase nenhuma protecção para os envolvidos em comportamentos de risco tais como partilha de agulhas e sexo desprotegido.

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E-atlas

Como parte do novo aidsmap.com, estamos a construir uma ferramenta chamada “E-atlas”. Utilizando as listagens das nossas organizações, o nosso relatório de notícias e factos e informação de várias fontes diferentes, estamos a criar um mapa que colige toda esta informação num só local.

Queremos oferecer um conjunto de provas para qualquer pessoa interessada em VIH, num país específico, uma fonte credível de informação para qualquer pessoa que procure serviços locais para si e uma oportunidade para as organizações darem a conhecer os serviços, eventos, oportunidades de emprego, imagens e mensagens – dando-lhes uma voz no aidsmap.

Esteja atento ao E-atlas enquanto este se desenvolve e coloque-se a si próprio no mapa!

Links relacionados:

 Tradução disponibilizada por: 

  GAT - Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos VIH/SIDA  

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