Michel Kazatchkine, enviado especial do Secretário-geral das Nações Unidas na Europa de Leste e Ásia Central conversa com Eduard Karamov, do Ivanovsky Institute of Virology, Federação Russa. Fotografia de Marcus Rose©/IAS
Um estudo da Columbia Britânica, província do Canadá, demonstrou que disponibilizar a terapêutica de substituição opiácea (TSO), a par da terapêutica antirretroviral, a pessoas que consomem drogas por via injetada, resulta numa redução significativa de mortes, se comparado com a disponibilização somente de uma das intervenções.
Uma investigação da Ucrânia, também apresentada na conferência, demonstrou que as pessoas sob terapêutica de substituição opiácea tinham um maior envolvimento nos cuidados de saúde associados ao VIH.
A terapêutica de substituição opiácea é recomendada pela Organização Mundial de Saúde como elemento fundamental na redução de danos e dos cuidados que devem ser disponibilizados a pessoas que consomem drogas por via injetada, após o diagnóstico da infeção pelo VIH. A nível mundial, existem grandes variações no acesso à terapêutica de substituição opiácea para pessoas que vivem com VIH e que consomem drogas por via injetada: um inquérito conduzido em vinte e um países, publicado em 2013, encontrou uma cobertura média de apenas 3% para esta população.
Muitos países têm resistências em relação à substituição opiácea por se acreditar que a adição à heroína só pode ser tratada através da abstinência. A substituição com metadona é ilegal na Federação Russa, um dos países com uma epidemia de VIH mais grave entre pessoas que consomem drogas por via injetada. A atitude russa para com a metadona é tão rígida que os programas de substituição opiácea na Crimeia foram interrompidos após a ocupação russa da região em 2014, declarou o Professor Michel Kazatchkine, Enviado Especial do Secretário-geral das Nações Unidas sobre VIH/SIDA na Europa de Leste e Ásia Central, numa sessão plenária da conferência.
A Dra. Nora Volkow, diretora do National Institute on Drug Abuse das Nações Unidas, afirmou numa conferência de imprensa que a terapêutica de substituição opiácea é “uma situação vantajosa em termos de prevenção e tratamento, mas existem muitos locais onde isto não acontece… Não conheço outra área da medicina em que, apesar da evidência de que este tipo de intervenção resulta, alguém diz ‘não o iremos implementar pois não é correto’.”
A terapêutica de substituição opiácea pode ser disponibilizada sob forma de dose diária de metadona ou buprenorfina, e está a ser testado um implante de libertação prolongada de buprenorfina com o objetivo de conseguir a aprovação da US Food and Drug Administration (FDA).
A terapêutica de substituição opiácea tem potencial para minimizar os danos associados ao consumo de drogas ao reduzir o risco de overdose, reduzir a exposição a infeções bacterianas e hepatite C relacionadas com o consumo injetado, estabilizar os consumidores de forma a ser possível abordar outras questões de saúde e permitir um tratamento abrangente dos consumos problemáticos. Ao reduzir ou eliminar a dependência de heroína, a TSO reduz o consumo ilícito e tem potencial para reduzir a criminalização dos consumidores de drogas.
Consulte outras apresentações sobre consumo de drogas por via injetada e VIH na IAS 2015 através dos links abaixo.
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