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Quinta-feira, 6 de março

Conteúdos

Profilaxia pré-exposição mensal

Chasity Andrews, do Aaron Diamond Research Institute em Nova Iorque, e Gerardo-Garcia-Lerma, do Centers for Disease Control em Atlanta, durante a apresentação do CROI 2014. Fotografia de Liz Highleyman, hivandhepatitis.com.

A profilaxia pré-exposição (PrEP) por via injetada pode ser possível, segundo uma nova investigação que envolveu símios.

Dois estudos independentes demonstraram que a administração por via injetada do inibidor da integrase em investigação, o GSK744LA, forneceu proteção de longa duração contra a infeção pelo VIH.

Num dos estudos, uma única dose foi protetora durante uma média de oito semanas. Os resultados do segundo estudo demonstraram que nenhum dos macacos que recebeu o medicamento, ficou infetado quando exposto ao VIS (um vírus que imita o curso da infeção pelo VIH em macacos), e os níveis do medicamento permaneceram em níveis protetores até cinco semanas após a última injeção. Com base nestes resultados, os investigadores sugerem que injeções mensais com o fármaco podem ser suficientemente protetoras contra a infeção pelo VIH.  

Os primeiros ensaios clínicos em humanos para avaliar a eficácia da PrEP com o injetável GSK744LA começam este ano.

Taxas do VIH entre HSH negros nos E.U.A.

Mais de 12% dos jovens negros que têm sexo com homens (HSH) adquiriram a infeção pelo VIH, segundo demonstra uma investigação conduzida em Atlanta, Georgia.

Esta taxa de novas infeções é comparável às taxas observadas em países com as piores epidemias do VIH, em locais de recursos limitados.

A investigação envolveu 562 HSH negros e caucasianos, com idades compreendidas entre os 18 e 38 anos, seronegativos para o VIH no início do estudo. O risco de adquirirem a infeção pelo VIH foi monitorizado durante dois anos.

No total, 6,6% dos homens negros foram recém-diagnosticados com infeção pelo VIH comparados a 1,7% dos homens caucasianos.  

Entre os homens negros, a incidência do VIH foi especialmente elevada nas pessoas com 25 anos ou mais novas – 12%. A incidência correspondente no grupo dos homens caucasianos foi de 1,0%.

Os investigadores calcularam que esta taxa de incidência significou que os HSH negros que se tornaram sexualmente ativos aos 18 anos tinham 60% de probabilidade de adquirirem a infeção pelo VIH até aos 30 anos.

As explicações para esta elevada taxa entre os homens negros incluíram terem relações sexuais exclusivamente com a comunidade negra, ausência de seguros de saúde e elevada taxa de reclusão.

Mortes maternas na África do Sul

As taxas de transmissão da infeção pelo VIH de mãe-filho desceram na África do Sul, mas tal não foi acompanhado pela melhoria da mortalidade nos cuidados maternos, segundo foi demonstrado num estudo conduzido num hospital em Joanesburgo.

Os investigadores analisaram os dados recolhidos durante 15 anos. Entre 1997 e 2012, nasceram anualmente entre 17 000 e 23 000 bebés.

Aproximadamente 23% das mulheres que pariram no hospital em 2012 estavam infetadas pelo VIH, em comparação com um pico de quase 31% em 2004.

Um total de 589 mortes em mulheres que tinham recentemente parido foi identificado durante este período. Mais de um terço das mortes não foi relacionado com a gravidez. A proporção de mulheres seropositivas para o VIH que morreram aumentou de 54% em 2003-2008 para 66% em 2011-2013, muito além da prevalência do VIH local.

A auditoria constatou que não ocorreu mudança na proporção de mortes maternas causadas pela infeção pelo VIH desde 2007, e mais de três quartos das mulheres seropositivas para o VIH que morreram nunca tinham iniciado o tratamento antirretroviral.

A maioria das mortes (54% em 2011-12) entre mães seropositivas para o VIH não estava relacionada com a gravidez, sendo as infeções respiratórias e tuberculose (TB) as causas mais comuns. As causas mais comuns de morte relacionadas com a gravidez foram a hemorragia e septicemia.

A proporção de mulheres testadas para o VIH aumentou ao longo do período do estudo de 54 para 66%, mas este aumento permaneceu abaixo do nível necessário para erradicar a transmissão vertical da infeção pelo VIH (transmissão mãe-filho).

A taxa de transmissão vertical desceu de 7 para 1,5%, mas houve poucas melhorias na proporção de mulheres sob terapêutica antirretroviral – apenas 23% em 2011-12.

Três quartos das mulheres que morreram tinham contagem de células CD4 abaixo de 200 células/mm3. As mortes relacionadas com a infeção pelo VIH parecem ter permanecido elevadas devido à falta de envolvimento nos cuidados de saúde e à falta de tratamento.

Tratamento antirretroviral – tratamento de primeira linha

François Raffi, da University Hospital em Nantes, França, durante a apresentação no CROI 2014. Fotografia de Liz Highleyman, hivandhepatitis.com.

Historicamente as orientações para o tratamento antirretroviral têm recomendado a terapêutica antirretroviral de combinação (TAR), que consiste na toma de dois inibidores nucleósidos/nucleótidos da transcriptase reversa (INTR) com um terceiro medicamento de uma classe diferente, como da classe dos inibidores da transcriptase reversa não-nucleósidos (ITNNR) ou dos inibidores da protease.

Os INTR causam efeitos secundários e toxicidades em alguns doentes, contudo, com a chegada de novas classes de medicamentos antirretrovirais, é possível uma flexibilidade em construir regimes de tratamento sem INTR.

Um estudo apresentado durante a conferência demonstrou que um regime de tratamento sem INTR, raltegravir (Isentress®) com darunavir potenciado (Prezista®) funcionou tão bem como a terapêutica antirretroviral com o INTR tenofovir e FTC (os fármacos do Truvada®) em pessoas que iniciaram o tratamento antirretroviral pela primeira vez.

O ensaio, conduzido em 15 países europeus, envolveu 805 doentes seropositivos para o VIH que não tinham anteriormente iniciado tratamento antirretroviral. Os participantes foram randomizados para tomar 400 mg de raltegravir duas vezes ao dia ou Truvada® uma vez ao dia, ambos com darunavir potenciado com ritonavir. Foram seguidos durante 96 semanas.

Os investigadores definiram critérios para falência do tratamento, que incluiu ter-se de alterar o tratamento devido à resposta insuficiente antes das 32 semanas e aumento da carga viral acima de 50 cópias/ml após a semana 32. Às 96 semanas, e de acordo com estes critérios estabelecidos, o raltegravir demonstrou não ser inferior ao Truvada®. A probabilidade de ir ao encontro de um ou mais critérios foi de 17% para o raltegravir e de 14% para o Truvada®, mas esta diferença não teve significado estatístico.

Baseados nestes resultados, os investigadores concluíram que o raltegravir com darunavir/ritonavir “representa uma  alternativa” ao tenofovir/FTC com darunavir/ritonavir.

Tratamento antirretroviral – nova classe de medicamentos

Detalhes dos folhetos da NAM sobre “Como funciona o tratamento”, que demonstram as diferentes etapas do ciclo de vida do VIH onde os medicamentos antirretrovirais atuam. Consulte a página www.aidsmap.com/thebasics

O tratamento antirretroviral combina fármacos de diferentes classes, que interferem nas diferentes etapas do ciclo de vida do vírus, contudo, não há nenhum medicamento que interfira na primeira etapa – a ligação inicial do vírus às células hospedeiras.

A conferência ouviu que a combinação terapêutica usando o novo inibidor de ligação demonstrou ser seguro e eficaz, oferecendo a promessa de uma nova classe de medicamentos antirretrovirais que podem ser particularmente benéficos para pessoas com resistências múltiplas aos medicamentos atualmente disponíveis.

Um estudo multinacional que avaliou a segurança e eficácia do tratamento com o inibidor conhecido por BMS-663068 envolveu 253 pessoas experimentadas no tratamento. Os participantes tinham uma média de contagem de células CD4 de cerca de 230 células/mm3 e muitos dos doentes, que tinham recebido previamente tratamentos de primeira e segunda linha, tinham tido falência terapêutica.

Cerca de metade dos participantes tinha infeção pelo VIH com pelo menos uma mutação resistente, mas para que fossem incluídos no estudo tinham de ter infeção por um vírus sensível aos medicamentos raltegravir (Isentress®), tenofovir (Viread®, também presente em algumas co formulações) e atazanavir (Reyataz®).

Os participantes foram randomizados para cinco grupos, quatro grupos sob diferentes doses do medicamento em estudo e um grupo de controlo sob atazanavir potenciado com ritonavir. Todos os grupos também tomaram raltegravir e tenofovir.

Na semana 24, todos os grupos com diferentes doses tinham resultados semelhantes: 80% das pessoas sob 400 mg duas vezes ao dia, 69% sob 800 mg duas vezes ao dia, 77% sob 600 mg uma vez ao dia e 72% sob 1200 mg duas vezes ao dia tinham carga viral abaixo de 50 cópias/ml, comparados com 75% no braço de controlo com atazanavir.

O BMS-663068 foi na generalidade bem tolerado em todas as dosagens estabelecidas e não ocorreram questões de segurança.

Prognóstico de cancros

Diapositivos da apresentação de Anna Coghill, do US National Cancer Institute, durante o CROI 2014.

A mortalidade relacionada com o cancro é elevada nas pessoas que vivem com VIH em comparação com as pessoas seronegativas, segundo demonstra uma investigação norte-americana.

Os investigadores não têm certeza das razões mas pensam que as diferenças nos cuidados de saúde e um efeito relacionado com o VIH podem estar nas causas.

Muitas pessoas que vivem com VIH têm agora uma esperança média de vida normal. Contudo, investigações anteriores concluíram que as taxas de alguns tipos de cancros não relacionados com SIDA são superiores em pessoas com VIH em comparação com a população geral.

Tendo isto em conta, os investigadores pretendiam observar se a infeção pelo VIH tinha impacto na sobrevivência após o diagnóstico de cancro.

Assim, compararam as taxas de sobrevivência entre pessoas com VIH e pessoas sem infeção pelo VIH após o diagnóstico de 14 tipos de cancro comuns: orofaríngeo, colon e reto, anal, fígado, pâncreas, laringe, pulmão, melanoma, mama, colo do útero, próstata, renal & pélvico, linfoma de hodgkin e linfoma difuso de células B.

As taxas de mortalidade foram elevadas entre as pessoas a viver com VIH que tinham sido diagnosticadas com nove destas neoplasias. Para o cancro da mama, o risco foi elevado a 270%; o risco aumentou até 80% para o cancro da próstata e até 25% para o cancro no pulmão.

Mas porquê? O rastreio inadequado e baixas taxas de referenciação para tratamento podem explicar as diferenças. Os delegados da conferência também especularam sobre as fracas respostas à quimioterapia e à desistência dos cuidados de saúde do VIH como possíveis causas.

Boletins de Notícias sobre prevenção do VIH

A NAM produz dois boletins mensais de notícias sobre prevenção do VIH, que podem ser subscritos gratuitamente. O arquivo destes boletins pode ser consultado no nosso site.

Notícias sobre Prevenção do VIH: Reino Unido é direcionado para qualquer prestador de cuidados de saúde ou influenciador no trabalho sobre prevenção da infeção pelo VIH no Reino Unido, incluindo locais de prestação de cuidados de saúde: www.aidsmap.com/hpe

Notícias sobre Prevenção do VIH: Europa é para qualquer pessoa que trabalhe na área do VIH na Europa e está disponível em Inglês, Francês, Espanhol, Português e Russo.

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