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6ª Conferência da International AIDS Society, Roma, 17 a 20 de Julho de 2011

Conferência “marcante” sobre VIH começa em Roma

Presidente da International AIDS Society, Elly Katabira ©IAS/Marcus Rose/Worker’s Photos

A abertura da Conferência da International AIDS Society, em Roma, foi vivida com entusiasmo.

Mais de 5 000 delegados juntaram-se para a conferência de três dias, onde a utilização do tratamento para o VIH como meio preventivo parece destinado a dominar as discussões.

“Temos testemunhado dois anos de avanços biomédicos significativos que já não víamos desde os avanços dos anti-retrovirais nos anos 90”, afirmou Elly Katabira, Presidente da International AIDS Society.

“O entusiasmo que envolve estes avanços na investigação – quer seja o gel vaginal CAPRISA004, o estudo HPTN 052 sobre o tratamento como prevenção, o debate sobre o caminho em direcção a uma cura ou os sinais encorajadores sobre a PrEP e as vacinas – estão a marcar os debates e as discussões a que iremos assistir em Roma nos próximos dias.”

Em Maio, os resultados de um ensaio clínico sobre o tratamento anti-retroviral feito em parceiros seropositivos para o VIH de casais onde o outro parceiro não estava infectado, demonstrou que o tratamento reduziu em 96% o risco do parceiro seronegativo para o VIH se infectar.

Parcialmente devido a estas conclusões, as Nações Unidas definiram o objectivo de tratar 15 milhões de doentes com medicamentos anti-retrovirais até 2015.

Na semana passada, dois estudos demonstraram que a  profilaxia pré-exposição (PrEP) reduziu o risco de infecção pelo VIH em até 78%.

No entanto, os delegados foram advertidos de que serão necessários esforços para assegurar que os resultados impressionantes dos ensaios clínicos sejam replicados nos cuidados de rotina.

O Director Executivo da ONUSIDA, Michel Sidibé, disse que: “Os cépticos afirmam que alargar o tratamento é arriscado e insustentável. O que é verdadeiramente arriscado, verdadeiramente insustentável, é esperar pelo tratamento.”

Continuam a existir preocupações sobre o financiamento na resposta global: “Pagamos agora, ou pagaremos para sempre!”, disse Sidibé.

Os tratamentos para o VIH na prevenção – diferentes métodos não estão em competição

Prof. Myron Cohen, University of North Carolina ©IAS/Marcus Rose/Worker's Photos

Foi dito aos activistas da conferência de Roma que os decisores de políticas necessitam de pensar como utilizar a terapêutica anti-retroviral, a PrEP e os microbicidas como um pacote de prevenção do VIH.

A mensagem forte, numa reunião satélite da conferência, foi a de que os métodos de prevenção anti-retroviral não se encontram em competição uns com os outros.

Os delegados discutiram o panorama rapidamente mutável dos métodos de prevenção do VIH que utilizam medicamentos anti-retrovirais.

Utilizar a tecnologia de prevenção correcta para atender às necessidades dos indivíduos emergiu como um tema da reunião.

“Será o tratamento sempre a melhor opção [como medida preventiva] para o casal serodiscordante? Se o parceiro índice não pode ou não quiser tomar os comprimidos, ou se o parceiro seronegativo para o VIH tiver vários parceiros, podem necessitar da PrEP ou de um microbicida”, afirmou o Professor Myron Cohen, da University of North Carolina, que é o investigador principal no estudo que demonstrou que o tratamento precoce reduziu o risco de transmissão para parceiros seronegativos em 96%.

O envolvimento de populações em risco foi sublinhado como um grande desafio.

“Necessitamos de abordar as mulheres que desconhecem estar sob risco e devemos fazer com que as comunidades se reúnam para adoptarem precocemente o gel [microbicida] tenofovir”, disse Samu Dube, da Global Campaign for Microbicides.

Samu Dube, Global Campaign for Microbicides ©IAS/Marcus Rose/Worker's Photos

Também foram expressas preocupações de que mais trabalho é necessário com os prestadores de serviços para os convencer de que têm um papel no aumento da consciencialização das pessoas sob risco, para os métodos de prevenção baseados no tratamento que estão prestes a ser disponibilizados.

“Os técnicos podem ser fortes guardiões” disse Catherine Hankis, da ONUSIDA.

Foi dito na reunião que será necessário identificar o melhor modo de utilizar os novos produtos de tratamento como prevenção.

Será igualmente importante o desenvolvimento de estratégias para ultrapassar as barreiras sociais, legais e dos sistemas de saúde que poderão reduzir o impacto das tecnologias.

Colocar em prática o tratamento como prevenção

Na reunião satélite, que decorreu no dia de abertura da Conferência, em Roma, ouviu-se que é necessária investigação para verificar quão eficazes são as diferentes abordagens da utilização do tratamento para o VIH como prevenção em comunidades específicas e em contextos epidemiológicos.

A reunião, organizada pela AVAC e pelo European AIDS Treatment Group, enfatizou a importância de implementar estudos – identificando barreiras à implementação de intervenções na área da prevenção e desenvolvendo estratégias para as ultrapassar.

Os investigadores sugeriram que não há uma intervenção tratamento-como-prevenção “melhor”, nem nenhum pacote de medidas de intervenção ideal, mas que é necessária uma abordagem flexível para responder às condições locais.

Contudo, foram apresentados dados que provam que iniciar precocemente a terapêutica anti-retroviral poderá ser a opção mais eficaz se os recursos forem limitados.

Porém, as taxas de diagnóstico tardio significam que o uso alargado da terapêutica anti-retroviral não alcançaria os 96% na redução de infecções, segundo os dados do ensaio HPTN 052.

Mesmo uma redução da transmissão em 60% dependeria de: 60% das pessoas serem diagnosticadas após um ano da infecção; 90% destas pessoas estarem sob TAR; 87% alcançarem carga viral indetectável em seis meses e 99% permanecerem em tratamento.

Todavia, foi também declarado que uma abordagem combinada seria mais resistente às situações da vida real.

A próxima fase de ensaios sobre prevenção precisa de observar o uso do tratamento no contexto dos serviços, afirmou Sheena McCormack, do UK Medical Research Council. Identificou como duas prioridades a aceitabilidade da PrEP entre populações específicas, como os homens que têm sexo com homens e como tornar as intervenções custo-eficazes.

Quer mais informações sobre o tratamento como prevenção?

Recentemente lançámos online um recursos informativo, extenso e gratuito denominado - Preventing HIV.

Neste avaliamos a evidência disponível de muitos aspectos da prevenção do VIH, com referências às investigações de base.

Dado a grande ênfase dada na Conferência da IAS à prevenção e às tecnologias preventivas, este recurso informativo não poderia ter sido disponibilizado em melhor momento.

Os temas abordados incluem a PEP, PrEP, microbicidas e Tratamento do VIH como prevenção.

Temas quentes em Roma

Caspar Thomson, Director Executivo da NAM, está presente na conferência:

"Há dois assuntos que se destacam no programa da conferência da IAS: o primeiro é, espantosamente, que as notícias mais emocionantes de Roma são sobre prevenção… o segundo, é que há poucas novidades sobre novos medicamentos anti-retrovirais para combater o VIH, mas as que há são encorajadoras.”

Visite o nosso site para ler a opinião do Caspar sobre o que poderemos esperar desta semana, em Roma, no blog da NAM.

 Tradução disponibilizada por: 

  GAT - Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos VIH/SIDA  

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