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AIDS 2010 XVIII International AIDS Conference Vienna 18-23 July 2010

“Não recuem – financiem a SIDA”

Image: ©IAS/Marcus Rose/Workers' Photos

No início da 18ª Conferência Internacional sobre SIDA (AIDS 2010), em Viena, houve fortes demonstrações de indignação pelo facto das nações doadoras não estarem a manter os seus compromissos relativamente ao financiamento da luta contra a infecção pelo VIH.

Dois mil activistas marcharam para o hall da conferência e ocuparam o palco com um grande estandarte com o mote “Não recuem – financiem a SIDA”.

Júlio Montaner, Presidente da Sociedade Internacional para a SIDA, disse que não podia disfarçar a sua “decepção e profunda frustração com os recentes encontros dos G8 e G20”. 

Afirmou que, embora os governos doadores tivessem problemas em encontrar dinheiro para financiar os compromissos de financiamento para a SIDA, não tinham dificuldade em proporcionar apoio financeiro aos seus “amigos corporativos" e banqueiros.

O financiamento dos doadores para a resposta global à SIDA diminuiu ligeiramente em 2009.

“A redução dos investimentos nos programas para a SIDA está a afectar a resposta à SIDA”, disse Michel Sidibé, Director Executivo da ONUSIDA.

Apelou para a criação de uma "taxa Robin Hood", uma taxa sobre as transacções financeiras globais, para financiar iniciativas globais para a saúde.

A quebra das promessas para financiar o tratamento e os cuidados para o VIH foi comparada por um interlocutor a “cheques sem cobertura”.

A cura deve ser uma prioridade

Image: Sharon Lewin. ©IAS/Steve Forrest/Workers' Photos

Encontrar uma cura para o VIH deve tornar-se uma prioridade, afirmou Sharon Lewin, da Universidade de Monash, em Melbourne, numa comunicação na sessão de abertura da conferência sobre SIDA de 2010.

Devido à terapêutica anti-retroviral, muitas pessoas com VIH  têm uma esperança de vida quase normal. Mas Lewin evidenciou que o prognóstico é ainda inferior ao das pessoas seronegativas e que mesmo níveis muito baixos de replicação viral do VIH podem causar danos ao sistema imunitário e na saúde das pessoas.

Numa sessão antes da conferência, Steven Deeks da Universidade de Califórnia, São Francisco, explicou que cargas virais muito baixas contribuem para o desenvolvimento de problemas de saúde, tais como doença cardíaca e hepática.

Afirmou ainda que, “há uma espécie de problema relacionado com o VIH que faz as pessoas adoecer mais cedo do que seria de esperar”.

Os custos, a longo prazo, da terapêutica para a infecção VIH foram realçados por Lewin, que referiu que tratar 80% dos doentes elegíveis nos países de recursos limitados custaria 35 mil milhões USD até 2030.

As células latentes CD4 infectadas e os reservatórios do vírus em locais, tais como, o cérebro e o intestino deverão ser erradicados para que se consiga chegar a uma cura, disse Lewin.

A interleukina 7 (L-7) está a ser investigada como uma possível terapêutica para estas células latentes e reservatórios. O objectivo é activar as células adormecidas e erradicar o VIH dos seus esconderijos. Uma outra estratégia usa compostos denominados por inibidores de histona deacetilase (HDAC) que “despertam” os genes do VIH.

No entanto, a cura não está à porta.

“A Conferência Internacional, em Viena, não será a conferência onde será anunciada uma cura, " conclui Lewin, "mas irá marcar o início de um futuro onde a prioridade será a descoberta de uma cura".

Cinquenta por cento das crianças expostas ao VIH não recebe medicamentos profiláticos

Um estudo conduzido em quatro países africanos demonstrou que quase metade das crianças expostas ao VIH durante a gravidez  e o parto não recebeu nevirapina como profilaxia, a fim de prevenir a transmissão do vírus.

Disponibilizar uma simples dose de nevirapina a uma mãe durante o parto, e consequentemente, profilaxia ao seu bébe reduz drasticamente o risco de transmissão vertical (mãe-filho). De facto, foi estabelecido o objectivo – descrito como “sacrossanto” por Michel Sidibé, Director Executivo da UNAIDS – de eliminar a transmissão vertical até 2015.

Image: Michel Sidibé. ©IAS/Steve Forrest/Workers' Photos

No entanto, um estudo conduzido em 2007 e 2008 publicado no Journal of the American Medical Association paracoincidir com a abertura da Conferência Internacional sobre SIDA demonstrou que esta terapêutica simples, barata e eficaz não foi disponibilizada em 50% dos casos.

O estudo decorreu nos Camarões, Costa do Marfim, Zambia e África do Sul, e envolveu 3 196 mães seropositivas para o VIH e os seus filhos.

O número total de mães que recebeu nevirapina durante o parto foi de 1 845 e apenas 1 725 pares de mãe-filho foram medicados com o fármaco.

Estas conclusões demonstram que é ainda necessário fazer mais para erradicar a transmissão mãe-filho até 2015.

A falha em desencadear uma ”cascata” de acções – todas elas críticas – foi apontada pelos investigadores como a razão pela qual tantas mães e respectivas crianças não fizeram nevirapina.

Esta cascata consiste em:

  • A abertura de um registo clínico com toda a documentacão que a mãe apresentou no serviço de e registe todos os subsequentes passos críticos neste percurso
  • Disponibilizar a realização do teste de despistagem do VIH
  • Aceitacão do teste
  • Dar o resultado do teste para o VIH e registar no processo do serviço de saúde
  • Disponibilizar nevirapina ou outro regime anti-retroviral às mães
  • Toma da nevirapina (ou outros medicamentos anti-retrovirais), como recomendado
  • Dispensar nevirapina ao récem-nascido antes da alta hospitalar, ou em casa nas 72 horas após o parto. A dose dada à crianca é necessária para maximizar o efeito protector da profilaxia com nevirapina.

Em associação com:

Até à data, seiscentas pessoas foram condenadas por transmissão ou exposição ao VIH

Pelo menos 600 pessoas que vivem com VIH foram condenadas por transmissão ou exposição do VIH, segundo dados apresentados numa sessão satélite durante a Conferência Mundial sobre SIDA, em Viena.

Os números são baseados na recolha de dados realizada pelo GNP+ (Global Network of People Living with HIV) que decorre desde 2005, para monitorizar as acusações sobre a Discriminação a nível Global.

Há registo de acusações em 50 países, estando a América do Norte e a Europa Ocidental  à frente no número de acusações. Contudo, na sessão satélite foi referido que há uma tendência crescente para criminalizar a transmissão do VIH nos países africanos.

No total, há 45 países que têm leis que, especificamente, criminalizam a transmissão do VIH ou a exposição ao mesmo.

Susan Timberlake, da ONUSIDA, afirmou durante a sessão que agora era “uma prioridade corporativa” da organização “remover leis punitivas, políticas, práticas, estigma e discriminação que bloqueiem uma resposta eficaz à infecção pelo VIH”.

A reunião satélite, co-organizada pela NAM, coincidiu com a publicação de um novo guia “VIH e Lei”, sobre o uso da lei na resposta à transmissão e exposição do VIH, escrito por Edwin J. Bernard e publicado pela NAM.

A Internet como um elemento fundamental para alcançar os homens que têm sexo com homens em África, Ásia e Europa de Leste

Num workshop organizado antes da abertura da conferência AIDS 2010 foi referido o papel central que a internet desempenha no alcance dos homossexuais marginalizados ou de outros homens que têm sexo com homens.

Organizado pelo Global Forum on MSM & HIV, o workshop Be Heard contou com a presença de oradores dos Camarões, Roménia e Tailândia.

Em muitos países, o sexo entre homens é ilegal ou fortemente estigmatizado, obrigando a estratégias de prevenção diferentes.

Os oradores descreveram a forma como a internet está a ser utilizada para transmitir informação sobre sexo seguro e outras informações sobre saúde, ou para disponibilizar um espaço seguro de socialização para as pessoas que vivem com VIH.

Novo aidsmap lançado na AIDS 2010

O novo aidsmap.com é aqui! Por favor, consulte e diga-nos a sua opinião.

Para mais informações sobre a reestruturação,  visite o nosso novo blog ou, se está na conferência em Viena, venha falar connosco no stand 502.

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Mais cobertura da conferência

Para mais informacões sobre a conferência consulte a nossa página da internet Viena. Pode também acompanhar o nosso Editor Principal Keith Alcorn, no Twitter.

Outros dois parceiros oficiais estão a trabalhar na cobertura e análise da conferência on-line, de modo a que possa ter acesso a toda a informação.  A Clinical Care Options (CCO) irá  disponibilizar destaques audio, sumários e apresentacões para download,enquanto a Kaiser Family Foundation irá disponibilizar informações das sessões através da internet.

 Tradução disponibilizada por: 

  GAT - Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos VIH/SIDA  

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