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6ª Conferência da International AIDS Society, Roma, 17 a 20 de Julho de 2011

Novo medicamento – lersivirina parece promissor

Orador Anton Pozniak. Imagem da Conferência da International AIDS Sciety, em Viena, 2010. ©IAS/Steve Forest/Workers' Photos

A lersivirina, um ITRNN sob investigação, teve a mesma eficácia virológica que o efavirenze (Sustiva/Stocrin®) em fase 2b de um ensaio clínico.

O estudo envolveu 195 pessoas a iniciar terapêutica anti-retroviral, na Europa, Américas, Austrália e África do Sul. Os participantes do estudo foram randomizados para tomar lersivirina ou efavirenze (também da classe de medicamentos anti-retrovirais dos Inibidores da Transcriptase Reversa Não-Nucleósidos ou ITRNN), em combinação com FTC/tenofovir (Truvada®).

Foram administradas doses de 500 ou 750mg de lersivirina, uma vez ao dia.

Após um ano de tratamento, 79% das pessoas tratadas com lersivirina tinham carga viral indetectável comparando com 89% das pessoas tratadas com efavirenze. Esta diferença não foi estatisticamente significativa.

A subida na contagem das células CD4 foi boa, independentemente do ITRNN que os doentes receberam.

A lersivirina não pareceu ter tão boa actividade em pessoas com carga viral elevada (acima das 100 000 cópias no início do estudo).

Outras análises evidenciaram que a maioria das falhas no tratamento ocorreu na África do Sul. Não ficou esclarecido se tal se deveu à fraca adesão ou a outros factores.

As taxas de efeitos secundários neuropsiquiátricos foram menores entre os doentes a tomar lersivirina, mas a náusea foi o efeito mais comum.

Os ensaios de fase 3 que observam a segurança e eficácia da lersivirina estão agora planeados.

Transmissão do VIH – contraceptivos hormonais

Mapa dos locais do estudo. Imagem da apresentação de Renee Heffron.

De acordo com os resultados de um estudo internacional, a utilização de contracepção hormonal aumenta o risco de a mulher contrair ou transmitir a infecção pelo VIH.

O estudo recrutou 3 790 casais serodiscordantes (onde um dos parceiros está infectado pelo VIH e o outro não) na África subsaariana.

A incidência do VIH entre as mulheres que eram seronegativas no início do estudo foi quase duas vezes superior entre as mulheres a utilizar contracepção hormonal, em relação à incidência observada nas mulheres que não utilizavam este método de planeamento familiar.

O uso de contracepção hormonal quase que duplicou o risco de transmissão da infecção pelo VIH de uma mulher seropositiva para o seu parceiro masculino.

A investigadora, Renee Heffron, recomendou que as mulheres e os casais devem ser aconselhados sobre os riscos da infecção pelo VIH e a importância da prevenção do VIH quando se escolhe um método de contracepção – sugerindo a utilização do preservativo em conjunto com a utilização de contracepção hormonal.

Mudança nos cuidados de saúde para o VIH – serviços dirigidos por enfermeiros

Projecto Médecins Sans Frontières, no Malawi. Imagem de Laurence Binet/MSF.

Estudos conduzidos no Malawi e na África do Sul provam que um serviço dirigido por enfermeiros pode, eficazmente, disponibilizar a terapêutica anti-retroviral.

O estudo sul-africano demonstrou que os enfermeiros poderiam, eficazmente, monitorizar os doentes sob terapêutica anti-retroviral já estabelecida.

O estudo do Malawi demonstrou que os resultados obtidos pelos doentes monitorizados por enfermeiros eram, pelo menos, tão bons como os das pessoas seguidas por médicos.

Contudo, alguns delegados em Roma enfatizaram ser importante não sobrecarregar os enfermeiros. A importância de formação adequada e apoio aos enfermeiros foi igualmente destacada.

Vacinas – investigação mais próxima de conhecer o que funciona

Imagens da apresentação de Susan Zolla-Pazner, do New York University School of Medicine

Os investigadores têm estado a trabalhar numa vacina para o VIH desde que o vírus foi identificado pela primeira vez, há quase 30 anos. Tal revelou-se extremamente problemático. Deve-se, em grande parte, ao facto de o VIH mudar muito fácil e rapidamente – sendo esta a razão pela qual o sistema imunitário é incapaz de dar uma resposta eficaz. Assim, também uma vacina convencional é incapaz de dar uma resposta, pelo que não foi ainda possível desenvolver uma vacina que possa combater um vírus que se altera constantemente, como o vírus do VIH.

Contudo, num simpósio organizado ontem, em Roma, falou-se de como os investigadores estão lentamente a caminhar em direcção ao desenvolvimento de uma vacina eficaz.

Nos últimos 15 anos, apenas decorreram três grandes estudos cujo objectivo foi a investigação de uma vacina preventiva para o VIH em humanos. Os dois primeiros estudo foram mal-sucedidos mas, foi uma grande surpresa quando, em 2009, um terceiro ensaio obteve resultados prometedores.

As conclusões deste estudo fortaleceram os esforços para o desenvolvimento de uma vacina, mas ainda não é certo de que forma a vacina produzida no âmbito do estudo originou a resposta imunitária observada. Devido a isto, não haverá mais ensaios alargados sobre eficácia até que os investigadores tenham a certeza de que o produto que tem é promissor para testar.

Actualmente, a nível global, estão a decorrer cerca de 50 ensaios de 42 tipos diferentes de vacinas, mas muitos estão ainda em fase inicial. Recentemente, os resultados mais prometedores têm decorrido em estudos efectuados em animais, contudo, alguns destes produtos foram testados em humanos e não foram bem sucedidos (por exemplo, o ensaio STEP).

Num ensaio que testou uma vacina em macacos, embora os animais tenham ficado infectados com o SIV (o equivalente do VIH nos símios), metade desenvolveu uma infecção sem vírus detectáveis nos seus corpos.  Se se conseguisse obter o mesmo resultado em humanos, seria uma “vacina curativa”. Mas ainda é necessário trabalhar muito sobre este conceito.

Os investigadores estão a estudar novos tipos de vacinas incluindo aquelas que contêm pequenas partes de ADN que, por sua vez, se replicam de modo a que o corpo produza a própria vacina. Outra vacina, que utiliza um tipo de anticorpo geralmente denominado por anticorpos neutralizantes é prometedor, contudo, tem-se mostrado muito difícil de desenvolver.

Têm sido feitos importantes progressos, mas não há sinal de desenvolvimento de uma vacina eficaz num futuro próximo.

Revolucionário e brilhante

Eric Fleutelot ©IAS/Marcus Rose/Worker's Photos

Se esteve presente na conferência de Roma, poderá ter visto um homem a usar umas calças de cor amarelo brilhante!

É o Eric Fleutelot e o Director Executivo da NAM, Caspar Thomson, conversou com ele para saber o que o inspira e quais as suas impressões sobre a conferência.

“Existe agora uma excelente oportunidade para mudar o modo de como as pessoas que vivem com VIH e SIDA são percepcionadas pela sociedade, tanto nos países do norte, como do sul.”

Leia mais sobre o blogpost do Caspar no nosso site.

Links relacionados:

Quer mais informações sobre o tratamento como prevenção?

Recentemente lançámos online um recursos informativo, extenso e gratuito denominado - Preventing HIV.

Neste avaliamos a evidência disponível de muitos aspectos da prevenção do VIH, com referências às investigações de base.

Dado a grande ênfase dada na Conferência da IAS à prevenção e às tecnologias preventivas, este recurso informativo não poderia ter sido disponibilizado em melhor momento.

Os temas abordados incluem a PEP, PrEP, microbicidas e Tratamento do VIH como prevenção.

Clinical Care Options

A Clinical Care Options está, também, a fazer a cobertura oficial da conferência. Para consultar os resumos e opiniões dos especialistas, consulte o site da Clinical Care Options.

 Tradução disponibilizada por: 

  GAT - Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos VIH/SIDA  

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