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NAM aidsmap

18ª Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas, Boston, USA, 27 de Fevereiro - 2 de Março de 2011

Conteúdos

Tratamento para o VIH: terapêutica genética é o primeiro passo para a “cura”

A terapêutica genética pode prevenir que as células se infectem com o VIH, apontando a direcção para uma possível cura.

Os investigadores do Quest Clinical Research, em S. Francisco, utilizaram a terapêutica genética para produzir células que não tinham o co-receptor CCR5, que o VIH utiliza para infectar as células.

 A investigação foi baseada no estudo dos “controladores de elite” – pessoas seropositivas para o VIH que mantêm um sistema imunitário saudável e carga viral indetectável sem terapêutica anti-retroviral. Estas pessoas não têm o CCR5 nas suas células.

O pequeno estudo de fase 1 envolveu seis doentes seropositivos para o VIH. Todos estavam sob terapêutica anti-retroviral e tinham a carga viral indetectável. Contudo, tinham tido uma fraca resposta imunitária ao tratamento e o intervalo da sua contagem de células CD4 era de 200-500 células/mm3.

Foi recolhido sangue, as células-T filtradas e, novamente, restituído. Estas células foram tratadas em laboratório através de um tipo de terapêutica genética designada por “zinc finger technology”, que desactiva o co-receptor CCR5.

A modificação das células foi bem sucedida em cerca de um quarto dos casos. Estas células foram, então, reintroduzidas nos doentes.

Cinco dos seis doentes tiveram um bom aumento na contagem das células CD4, e o seu sistema imunitário melhorou.  

Após três meses, 7% das células CD4 não tinham o co-receptor CCR5.  

Os investigadores enfatizam que ainda é cedo para se falar sobre uma cura. Mas, acreditam, que os seus resultados são “uma prova de conceito” e investigações futuras estão a ser planeadas.

Investigações independentes demonstraram que a terapêutica genética alterou, também, com sucesso, algumas células que tinham o co-receptor CXCR4. Este, é normalmente encontrado em doentes experimentados na terapêutica anti-retroviral, ou que já estão doentes devido ao VIH. Um efeito protector foi logo evidente aos 14 dias após a reinfusão, apesar do efeito se ter desvanecido com o passar do tempo.

Tratamento para o VIH e TB: iniciar precocemente, quando a contagem de células CD4 é baixa

Iniciar o tratamento anti-retroviral precocemente, após o início da terapêutica para a tuberculose (TB) reduz o risco de morte em doentes com contagem de células CD4 muito baixa.

Tem havido vários debates sobre a melhor altura para iniciar o tratamento anti-retroviral em doentes com TB.

O risco de interacção medicamentosa e sindroma inflamatório de reconstituição imune (IRIS) significa que a terapêutica para o VIH é, normalmente, adiada até que a infecção pela TB esteja controlada.

Contudo, há preocupações sobre o risco de morte em doentes cujo sistema imunitário está muito debilitado.

Recentemente, dois estudos randomizados demonstraram que iniciar a terapêutica anti-retroviral no prazo de quatro semanas após o início do tratamento para a TB reduz as taxas de mortalidade - mas apenas em doentes com contagem de células CD4 abaixo das 50/mm3.

O estudo SAPIT, conduzido na África dos Sul, demonstrou que os doentes com VIH e TB, com contagem de células CD4 muito baixa e que receberam precocemente a terapêutica anti-retroviral, tinham menos 68% de probabilidades de morrer do que as pessoas com um sistema imunitário semelhante que adiaram o tratamento anti-retroviral.

O estudo internacional ACTG 5221 STRIDE mostrou resultados semelhantes. As taxas de mortalidade foram substancialmente reduzidas entre os doentes com contagens de células CD4 abaixo das 50/mm3 que iniciaram o tratamento anti-retroviral quatro semanas após o tratamento para a TB.

Mas, em nenhum estudo, o facto de iniciar a terapêutica precocemente teve um benefício na sobrevivência dos doentes com contagens de células CD4 mais elevadas. O tratamento precoce aumentou ainda o risco do IRIS.

Os investigadores acreditam que estes estudos apontam para a importância da integração dos serviços de VIH e TB.

Teste para o VIH: auto-teste é aceite no Malawi

Segundo um estudo conduzido no Malawi, o auto-teste para o VIH é aceite e compreendido por ter inúmeras vantagens.

As pessoas utilizavam o teste do fluído oral para o VIH e testes de confirmação eram efectuados.

O aumento das taxas do teste é visto como um ponto fulcral para o controlo do VIH. Mas, apenas um quinto das pessoas, no Malawi, fizerem o teste para o VIH em 2009.

O auto-teste tem sido explorado como uma forma de melhorar a realização do teste.

Investigações, agora, conduzidas na cidade de Blantyre, indicam que muitas pessoas acham o auto-teste aceitável. Às pessoas foi disponibilizado a opção de fazer o teste numa clínica ou o auto-teste – 93% optaram pela última opção.

Quase todos os doentes afirmaram que o auto-teste era fácil mas, cerca de 10%, errou na sua utilização correcta.

As pessoas tinham confiança no resultado do auto-teste, e afirmaram que o recomendariam à família e amigos.

Os participantes acreditavam que o auto-teste tinha várias vantagens, tais como, a privacidade e a facilidade em encorajar outros familiares a realizarem o teste.

Contudo, há algumas reservas sobre o auto-teste, em especial, preocupação sobre o apoio para as pessoas cujo resultado é positivo para a infecção pelo VIH.

Prevenir o VIH: PrEP

A profilaxia pré-exposição (PrEP) utilizando o Truvada® (FTC e tenofovir) continua a ser eficaz se a exposição envolver vírus resistentes ao FTC.

Um estudo em animais demonstrou a eficácia do medicamento quando o vírus com a mutação M184V estava presente. Os macacos que receberam Truvada® e foram expostos ao vírus resistente, permaneceram seronegativos.

“A exposição de vírus resistentes a medicamentos não é necessariamente associada à falência da PReP”, afirmam os investigadores.

Prevenção do VIH: microbicidas

Os microbicidas vaginais podem precisar de ser reformulados para o uso rectal.

Investigadores têm estado a testar o tenofovir - contendo gel para uso rectal, em 18 voluntários seronegativos para o VIH. O gel é idêntico àquele que demonstrou eficácia quando utilizado na vagina.

O uso rectal do gel foi eficaz – preveniu o VIH de infectar células em 80% dos casos.

Contudo, causou efeitos secundários desagradáveis, como cólicas estomacais. Apenas um quarto dos participantes do estudo se mostrou satisfeito com a utilização do gel. Mas, memo assim, 75% afirmou que estaria disposto a utilizá-lo novamente se tal o protegesse da infecção pelo VIH.

Prevenção do VIH: circuncisão

O feito protector da circuncisão masculina contra a infecção pelo VIH pode ser mais forte do que previamente reconhecido.

A actualização dos resultados do estudo Rakai foi apresentada no CROI. O estudo foi interrompido no início de 2006, após uma análise interina ter demonstrado que a circuncisão reduziu em 50% o risco de infecção pelo VIH.

Análises após o ensaio demonstraram que 80% dos homens no braço de controlo optaram, desde então, pela circuncisão.

No geral, a circuncisão reduziu o risco de infecção pelo VIH até 73%.  

Houve um aumento na proporção dos homens que afirmaram nunca utilizar o preservativo ou fazê-lo inconsistentemente. Mas os investigadores pensam que tal se deve à redução da disponibilização de preservativos e não ao facto de a circuncisão reduzir inibições.

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